Capital

Recapeamento demora e moradores driblam transtornos com criatividade

Lidiane Kober | 19/02/2014 17:52
Olinto Nantes tentou tampar várias vezes o buraco na frente da sua casa, mas a chuva leva (Fotos: Marcos Ermínio)
Olinto Nantes tentou tampar várias vezes o buraco na frente da sua casa, mas a chuva leva (Fotos: Marcos Ermínio)

Há anos a espera do recapeamento, moradores de pelos menos três avenidas de Campo Grande manifestam indignação com o descaso das autoridades públicas e driblam os transtornos do “asfalto costurado” e da “buraqueira” com muita criatividade. Alguns já precisaram colocar a mão no bolso para sanar problemas mecânicos, enquanto outros alertam para o risco de acidentes.

O churrasqueiro Olinto Nantes, 77 anos, mora há 30 anos na beira da Avenida Salgado Filho e está cansado de ouvir promessas de recapeamento. “Pagamos altos impostos, mas não somos respeitados como contribuintes”, avaliou. Na frente de sua casa, um buraco grande já pegou muitos motoristas, até o filho do churrasqueiro.

“A armadilha está bem na frente da minha garagem, preciso de muita habilidade para estacionar”, contou a filha dele, a auxiliar financeira Eliane Nantes. “Meu irmão já caiu no buraco e amassou o carro”, emendou. Indignado com o prejuízo, Olinto já tentou tampar a quase cratera diversas vezes. “Mas a primeira chuva leva tudo”, lamentou.

Há dois anos trabalhando em um comércio na Avenida Salgado Filho, o vendedor Yamber Nontenegro, 33 anos, também se declarou indignado com a falta de atenção das autoridades. “Desde que estou aqui, ouvi muitas promessas, mas, até agora, ninguém fez nada”, se queixou. Segundo ele, a “trepidação” é muita “e há longo prazo detona o carro”.

Diante de prejuízos, Luis Fernando resolveu fechar com cimento buraco na Avenida Bandeirantes
Antes de ser fechado, buraco chegou a causar prejuízos a revendedora de carros e seus clientes

A situação é praticamente a mesma na Avenida Bandeirantes. Lá, o vendedor Luis Fernando Saraiva, 19 anos, colocou a mão na massa e fechou com cimento o buraco para acabar com os prejuízos à revendedora de carro onde trabalha e a clientes.

“De mês em mês, a prefeitura jogava uma lama preta, mas a primeira chuva já levava e o problema voltava a atrapalhar”, justificou. “No local, carros e ônibus passam e, com as manobras, principalmente, dos circulares, pedras atingiam os veículos em exposição e riscavam a lataria”, contou Luis Fernando.

Endereço de posto de saúde, de asilo e de muitos comércios, a Avenida José Nogueira Vieira, no Bairro Tirantes, é outra com “mais remendos do que asfalto”. “Canso de ouvir relatos de pneus furados, de amortecedores quebrados e de acidentes por causa dos buracos”, contou o vendedor Luan Soares, 22 anos.

O estudante Jaison Neves, 21 anos, chegou a votar no prefeito Alcides Bernal (PP) justamente em função da promessa de substituir as operações tapa-buraco por recapeamento. “Acontece acidente direto na avenida por causa dos buracos, o pessoal tenta desviar deles e acontece o pior”, explicou.

Morador do Bairro Tiradentes, Jaison vê acidentes "direto" por causa dos buracos


Projetos da prefeitura - Chefe da Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação), Semy Ferraz informou que em 30 dias o recapeamento da Avenida Salgado Filho será concluído. “A drenagem está pronta e só paramos para esperar as chuvas passarem”, explicou.

Em 15 dias, a expectativa é retomar os trabalhos para terminar o recapeamento em duas semanas. A obra será feita com recursos e servidores municipais.

Os moradores e comerciantes da região da Avenida Bandeirantes, por sua vez, terão de esperar bem mais. O recapeamento está previsto no PAC Mobilidade. “Até maio, o plano é assinar o contrato”, disse Semy. As obras, porém, não tem previsão de iniciarem. Ainda pelo programa, deverão ser recapeadas as avenidas Calógeras, Gury Marques, Cônsul Assaf Trad, Mascarenhas e Coronel Antonino e as ruas Brilhante e Rui Barbosa.

Já a Avenida José Nogueira Vieira não está nos planos da prefeitura. “Fizemos a opção de recapear a Marques de Lavradio”, explicou Semy. “Em 15 dias, devemos soltar pacote de licitação incluindo ela e o recapeamento das ruas Dom Aquino, Ministro João Arinus e da Avenida Tiradentes”, emendou o secretário.

Questionado se o processo poderá demorar tanto quanto a licitação para recapear a Avenida Guaicurus, Semy frisou que trâmites foram “ajustados” e o problema não deverá se repetir. “Essa semana, publicamos os vencedores e uma semana contratamos a empresa para atuar na Guaicurus”, finalizou.

Há dois anos, Yamber ouve promessas de recapeamento da Avenida Salgado Filho
Buracos preocupam moradores e comerciantes de avenidas de Campo Grande
Nos siga no