Capital

Pedestre fica sem vez em avenida nova utilizada como pista de corrida

Paula Vitorino | 13/12/2011 13:21

Sem faixas de pedetre e sinalização para coibir velocidade dos motoristas, pedestres reclamam dos perigos do prolongamento da Avenida Ernesto Geisel, no bairro Otávio Pécora

Avenida tem fluxo de motocicletas, carros e caminhões. (Fotos: Simão Nogueira)
Avenida tem fluxo de motocicletas, carros e caminhões. (Fotos: Simão Nogueira)

Pista larga, recém inaugurada e livre. A combinação encontrada na avenida Prefeito Heráclito Figueiredo - prolongamento da Ernesto Geisel até o bairro Estrela do Sul - parece ser sinônimo de abuso na velocidade para os motoristas e, com isso, o pedestre fica sem vez na travessia.

“É quase impossível atravessar. Não tem controle da velocidade, os veículos passam voando”, diz a aposentada Orales Severo Rodavale, de 73 anos.

Caminhando junto com os netos pela via, ela diz que gostaria de estar do outro lado, onde existe a ciclovia, pista de caminhada e a área de lazer, mas “não consigo atravessar”.

“Como que eu vou atravessar com duas crianças e um bebê no carrinho? Não tem como correr na frente dos carros e correr o risco de ser atropelada, por isso prefiro ficar desse lado”, diz.

A reportagem do Campo Grande News não localizou nenhuma placa indicando qual a velocidade máxima permitida para a via, que segundo a Agetran é de 60 km/h.

O autônomo Vicente Borges, de 51 anos, diz que é “complicado” para as mães e os alunos de escolas do bairro fazerem o percurso de ida e volta. “Fica um tempão aí pra conseguir passar”, diz.

Já a estudante Maiara dos Santos, de 18 anos, estima cerca de 30 minutos para concluir a travessia em horários de grande movimento na via.

Além de enfrentar a pista de corrida, os pedestres não têm um local dedicado para a travessia, já que a reportagem do Campo Grande News encontrou apenas duas faixas de pedestre em toda a avenida.

A campanha “Pedestre, eu cuido”, lançada na Capital recentemente com o objetivo de conscientizar os motoristas para dar preferência ao pedestre, tem foco no respeito a travessia feita na faixa.

Perigos - O resultado das infrações dos motoristas e da falta de sinalização são constantes acidentes e a mudança de hábito dos moradores.

A dona de casa Érica Felício Tavares, de 36 anos, diz que não deixa mais o filho brincar em frente de casa por medo de acontecer algum acidente.

Ela mora em uma rua paralela a avenida, mas afirma que mesmo assim sofre com os abusos na velocidade. “Eles vêm no embalo da avenida e viram com tudo pra aproveitar a velocidade. Viram cantando pneu”, diz.

Moradores falam que é constante a ocorrência de acidentes no cruzamento com a rua Veridiana.

A avenida é utilizada como ligação para diversos bairros, como o Estrela do Sul e Otávio Pécora. O tráfego é constante de motocicletas, carros e caminhões.

O aposentado Osnei Vargas, de 70 anos, conta que “é direto acidente aqui”. Segundo ele, a situação é mais crítica no cruzamento com a rua Veridiana.

“Vários acidentes graves já aconteceram nesse cruzamento”, afirma.

Soluções - O diretor de trânsito da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Janini de Lima Bruno, afirma que a avenida foi entregue com placas indicando a velocidade permitida, de 60 km/h, e que elas devem ter sido arrancadas por vandalismo. A via foi entregue no fim do ano passado, como parte das obras do Complexo Segredo.

Ele ressalta que a avenida não é o problema, mas sim os condutores. “Toda avenida que é inaugurada os motoristas abusam da velocidade. A culpa não é da via, é do condutor que não sabe respeitar a velocidade máxima”, frisa.

Janini frisa que os radares e outros equipamentos redutores de velocidade acabam sendo a única alternativa para coibir as infrações no trânsito. Ele esclarece que a via é inaugurada e fica em teste para a Agência avaliar a conduta dos motoristas e as necessidades do local.

Até janeiro deverá ser instalado um semáforo no cruzamento com a rua Veridiana. O equipamento terá radar de 50km/h e avanço de sinal vermelho.

Já para o primeiro trimestre de 2012, será instalada uma travessia elevada próximo a rua Ovídeo Serra. O local tem grande fluxo de veículos que utilizam a rota para ir a UCDB (Universidade Católica Dom Bosco).

Para o restante da via, Janini diz que não existe previsão de serem instalados outros equipamentos ou faixas de pedestres.

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