Economia

Negociações para solucionar conflito que gerou morte emperram em Brasília

Filipe Prado e Edivaldo Bitencourt | 16/11/2014 08:45
Índios plantam em área ocupada e impasse sobre valor de terra continua (Foto: Arquivo)
Índios plantam em área ocupada e impasse sobre valor de terra continua (Foto: Arquivo)

Há um ano e meio o município de Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande, é cenário do conflito por terras entre indígenas e produtores rurais. Com as negociações paradas sobre a Reserva Buriti, eles esperam uma posição do Governo Federal, que ainda não se manifestou sobre o verdadeiro “dono das terras”. O nó da questão está no valor dos 15 mil hectares, exigidos pelos índios, mas que estão em poder dos produtores rurais.

O ex-deputado estadual e proprietário da Fazenda Buriti, Ricardo Bacha, taxou o governo como irresponsável pela demora no processo. “Estamos sendo levado com a barriga”, comentou. A Fazenda Buriti foi ocupada por um grupo de 100 índios no dia 15 de maio de 2013.

Atualmente, de acordo com o indígena Otoniel Terena, 33 anos, morador da fazenda, cerca de 100 famílias vivem no local. Ele disse que as negociações pararam desde a recusa do Governo em aumentar a proposta de compra da fazenda de R$ 80 milhões para R$ 130 milhões.

“Depois que o Governo fez aquela negociação, nada andou. Agora estamos aguardando um posicionamento, mas acho que este ano não acontece mais nada”, acreditou Otoniel. Uma das esperanças dos indígenas é a troca do governo do Estado. “Uma das propostas da campanha do Reinaldo Azambuja (PSDB) era resolver esta situação”.

Bacha revelou que o Governo está estudando propostas, mas afirmaram que não pretendem elevar o valor da compra. “Eles estão enganando nós e os índios. Os indígenas acreditaram que eles iriam resolver a situação, mas não fizeram nada”.

O proprietário das terras ainda contabiliza muitos prejuízos pela perda da fazenda. “Me tiraram do trabalho, foi um prejuízo tremendo, além de desorganizar a vida de muita gente”, contou. “Eles (Governo) não querem saber o que acontece com a gente quando somos invadidos”, desabafou Bacha.

O advogado dos proprietários rurais, Newley Amarilla, alegou que ainda nada foi articulado pelo Governo. “Estamos esperando que o Supremo Tribunal Eleitoral julgue o recurso e decida”, alertou.

O conflito - A Funai (Fundação Nacional do Índio) é favorável à ampliaçaõ da área indígena de 2 mil para 17 mil hectares. Os índios invadiram as fazendas em 2003 para forçar a demarcação, mas o processo parou na Justiça. 

No entanto, no ano passado, eles voltaram a ocupar as fazendas e o conflito ganhou dimensão nacional após um índio ser morto durante a desocupação da área. O governador André Puccinelli (PMDB) pediu a presença da Força Nacional de Segurança na região e presidente Dilma Rousseff (PT) prometeu uma solução para o conflito.

No entanto, um ano e meio depois, o Governo federal não aceitou elevar o valor da área e a decisão sobre o valor da indenização deverá ser decidido pela Justiça. Ao parar nos tribunais, a disputa pode se prolongar por anos. Só para ter uma ideia, uma ação para ampliar a reserva kadiwéu demorou 25 anos no Supremo Tribunal Federal. 

 

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