Economia

Dono de cavalo com mormo entra na Justiça para evitar sacrifício do animal

Enquanto a decisão judicial não sai a propriedade fica interditada e correndo o risco da doença se espalhar

Renata Volpe Haddad | 29/01/2016 09:48
Doença bacteriana, o mormo acomete equídeos, outros animais e até humanos. (Foto: Embrapa/ Divulgação)
Doença bacteriana, o mormo acomete equídeos, outros animais e até humanos. (Foto: Embrapa/ Divulgação)

Por não aceitar o resultado dos exames positivos de mormo em um de seus cavalos, o proprietário de um centro de treinamento de equinos em Bela Vista, distante 322 km de Campo Grande, entrou na Justiça alegando que os exames feitos não são eficazes. Enquanto o parecer não sai, ele não permite que o cavalo seja sacrificado, como manda as normas de controle da doença.

O mormo é uma zoonose, doença bacteriana contagiosa que acomete equídeos e se não for erradicado, é transmitido para outros animais e até humanos. O tratamento da doença não é eficaz e não tem cura, nem nos animais e nem em humanos. 

Conforme o chefe de serviço de saúde animal da SFA/MS (Superintendência Federal de Agricultura), Elvio Cazola, a questão legal afeta a erradicação da doença. "A questão afetiva, o valor do animal, tudo isso implica para entrar com recursos, mas como vai para justiça e é demorado, a erradicação da doença também será demorada", alega.

Até o ano passado, Mato Grosso do Sul nunca havia registrado nenhum caso de mormo e em 2015, foram nove focos encontrados em Novo Horizonte do Sul, Taquarussu, Bela Vista, Campo Grande, Bodoquena, Terenos, Paraíso das Águas, Camapuã e Corguinho. Este ano, um caso foi detectado em Aquidauana.

O fiscal agropecuário da SFA/ MS, Otto Feldens, informa que o Brasil segue as instruções da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal). "Os exames feitos nos animais são de uso internacional recomendado pela OIE, todos os países utilizam ele e os Estados Unidos erradicaram a doença com esses exames feitos no Brasil", afirma.

O fiscal Otto Feldens explica que se houver caso de mormo suspeito, a primeira medida a ser tomada é a interdição total da propriedade. (Foto: Fernando Antunes)

Ações preventivas – Se houver um caso suspeito de mormo, a primeira medida a ser tomada é a interdição da propriedade, fican proibido o trânsito de animais. O intuito é evitar que a doença se espalhe.

Não entra e não sai nenhum animal de onde pode se ter a doença. "A SFA e a Iagro são notificadas e a Iagro interdita a propriedade. Um exame chamado Maleína é feito no cavalo. Se der negativo, outro exame é feito no prazo de 45 a 60 dias, se der positivo já é considerado conclusivo. Outros animais também são avaliados e se não for confirmado, a propriedade é liberada", comenta.

São realizados dois exames nos casos de mormo. O primeiro é a triagem, que é a Fixação de Complemento e o segundo a Maleinização. Os laboratórios são oficiais e não há em Mato Grosso do Sul, por isso os exames são encaminhados para São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal e Rio de Janeiro.

"Se o primeiro exame der positivo, médicos veterinários oficiais da SFA ou Iagro, fazem o exame de Maleinização no cavalo, onde é injetado uma proteína que na presença da doença dá uma reação local e dessa maneira se confirma ou não a doença", explica o fiscal.

O chefe da SFA/MS, Elvio Cazola, comenta que a questão afetiva pelos animais, faz com que os proprietários não acreditem na eficácia dos exames. (Foto: Fernando Antunes)

Trânsito - O mormo ocorria a mais tempo no Nordeste e devido as aglomerações de equídeos, a doença se disseminou.

Como em Mato Grosso do Sul tem casos de mormo confirmados, para que o trânsito dos animais seja permitido, é preciso que o proprietário tenha a GTA (Guia de Transporte Animal).

"Essa guia tem que ser retirada pessoalmente na Iagro e para que se tenha ela, o proprietário tem que ter os exames com resultados negativos de mormo e AIE (Anemia Infecciosa Equina)", informa o fiscal.

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