Economia

Bicho da seda garante renda para famílias do 8º maior produtor do país

Caroline Maldonado | 10/11/2015 11:56
Lagartas vão se desenvolvendo ao devorar os galhos da amoreira e começam a produzir, em pouco mais de um mês, um casulo em volta de si (Foto: Divulgação/Bratac)
Lagartas vão se desenvolvendo ao devorar os galhos da amoreira e começam a produzir, em pouco mais de um mês, um casulo em volta de si (Foto: Divulgação/Bratac)
Sericicultores criam bicho da seda em barracões até surgir o casulo, que vai para a indústria (Foto: Divulgação/Bratac)

Para mais de 70 famílias de Itaquiraí, o sustento vem da criação de um bicho, que se alimenta de folhas de amora e produz fio para um dos tecidos mais finos que existe, a seda. O município, que fica a 410 quilômetros de Campo Grande, é o oitavo na lista dos que mais produzem bicho da seda no Brasil. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), são produzidas 58 toneladas de casulo por ano.

O produto vai para os Estados de São Paulo e Paraná e depois de virar tecido segue para países como Japão e França. A produção em Itaquiraí é superior ao levantado pelo IBGE, conforme a Bratac, empresa que distribui a produção da região e dá suporte aos sericicultores. São 120 toneladas de casulo a cada safra, que se estende de agoto a maio, segundo o supervisor em MS, João Cabral.

Com a atividade, que também desperta o interesse de famílias de Novo Horizonte do Sul e Glória de Dourados, Mato Grosso do Sul é o terceiro maior produtor de bicho da seda, com produção anual de mais de 110 toneladas de casulos. O Estado perde apenas para o Paraná e São Paulo. O município que mais produz no país é Nova Esperança (PR). Por lá, são 334 toneladas por ano.

Do casulo ao tecido – O supervisor explica como ocorre o processo de produção em que cada casulo gera em média 1.200 metros de fio de seda.

Os sericicultores compram a lagarta, que é nativa do norte da China, e cultivam amoreiras para alimentar o bicho. Em barracões, as lagartas vão se desenvolvendo ao devorar os galhos da amoreira e começam a produzir, em pouco mais de um mês, um casulo em volta de si.

Com o sacrifício do bicho antes do amadurecimento, a indústria aproveita o fio feito pelas lagartas. Por meio das glândulas, elas expelem o líquido da seda, a fibroína, que é envolvida por uma goma, a sericina. Esses produtos se solidificam no contato com o ar e formam o casulo.

A criação do bicho da seda foi iniciada pelos chineses e, segundo a lenda, tudo começou quando uma chinesa descobriu o casulo. Um deles caiu de uma amoreira dentro da xícara de chá da imperatriz Si Ling Chi. Ela teceu o filamento da seda em um pedaço de tecido.

A simplicidade do processo para criar o bicho é o que mais atrai agricultores familiares e assentados para a atividade. No entanto, apesar de requerer pouco investimento a criação exige cuidados. “O bicho da seda e uma atividade que a pessoa tem que ter vontade de trabalhar. O ciclo de vida dele é curtinho, então não pode descuidar. Tem que cuidar para ratos e formigas não atacarem”, detalha João.

O supervisor conta que, nos últimos anos, todos os criadores da região de Itaquiraí têm aumentado a produção, em especial por conta da mecanização que facilita o processo. “Hoje tem máquina para cortar amora, que corta em meia hora o que manualmente levaria mais de três horas e um casal pode fazer todo o serviço necessário”, explica. O desafio maior para quem quer aumentar a produção está nos recursos para investir. “As famílias têm que conseguir financiamento para construir o barracão e, muitas vezes, não conseguem, então têm que pagar juros comprando nas lojas”.

Lagartas produzem o próprio casulo, que rende 1.200 metros de fio de seda, cada (Foto: Gazeta do Povo)
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