Capital

Aluna com problema no coração diz que foi obrigada a beber durante trote

Nícholas Vasconcelos e Nyelder Rodrigues | 18/02/2013 19:30

Uma jovem de 18 anos com problemas cardíacos diz ter sido obrigada a beber e a participar de um trote do curso de Medicina Veterinária da universidade Anhanguera-Uniderp. O caso foi na manhã desta segunda-feira (18) e a universitária registrou um boletim de ocorrência por constrangimento ilegal na 3ª DP (Delegacia de Polícia Civil).

A vítima conta que na manhã de hoje chegou ao campus de Ciências Agrárias da instituição e foi orientada por um professor a procurar uma carona para seguir até uma dependência da universidade. Quando chegou ao local, ela descobriu que se tratava de uma chácara alugada para o trote dos veteranos para a recepção dos novos alunos.

“Jogaram ovo, bateram na cabeça, fizeram a gente beber, tinha um monte de menor bebendo. Os veteranos colocaram um liquido que parecia alcool e me fizeram tomar”, disse a jovem. Ela disse que avisou durante toda a brincadeira que não gostaria de participar, mas acabou obrigada. “Eu tenho problema de coração, não bebo”, revelou.

Segundo a aluna, colegas tiveram o cabelo cortado contra a vontade e que o professor que estava no local apenas assistia. “O professor estava vendo a brincadeira e não fazia nada”, contou.

Por telefone, a universitária entrou em contato com a mãe para avisar sobre o trote. A mãe então acionou a PM (Polícia Militar) que foi até a chácara.

Quando os policiais chegaram ao local da festa, os organizadores e o professor, responsável por monitorar a recepção, informaram que a participação era de forma livre e espontânea, o que é negado pela vítima.

Em Mato Grosso do Sul, a Lei 2.929 proíbe o trote violento nas universidades públicas e particulares no Estado.

No início deste ano o MPF/MS (Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul) recomendou às dez maiores instituições de ensino superior providências dentro e fora das universidades. De acordo com o Ministério Público, a medida tem o objetivo de prevenir atitudes violentas, humilhantes e constrangedoras aos acadêmicos.

Mesmo com a recomendação, foram registrados flagrantes de trotes violentos no início das aulas da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), também fora das dependências da instituição. Na época, até o reitor da instituição Padre José Marinoni tentou sensibilizar os jovens das proibições.

Em contato da reportagem com a assessoria de imprensa da Anhanguera-Uniderp, a universidade emitiu uma nota repudiando qualquer ato violento que envolva docentes e acadêmicos, e afirmou que, mesmo não tendo envolvimento na organização da festa promovida pelos alunos de Medicina Veterinária, irá apurar os fatos e se colocar a disposição das autoridades policiais para prestar informações.

A Anhanguera-Uniderp reiterou que vem incentivando o Trote Solidário há anos, justamente para promover ações de responsabilidade social e integração entre calouros, veteranos e a comunidade.

(atualizada às 20h07 para acréscimo de informações)

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