Política

Temer concordou com propina para silenciar Cunha, aponta gravação

Reportagem do O Globo ainda aponta recebimento de propina pelo senador Aécio Neves e ex-ministro Guido Mantega

Nyelder Rodrigues | 17/05/2017 19:42
Temer participou de inauguração de fábrica de celulose em Três Lagoas ao lado de Joesley em 2012 (Foto: João Quesada/Arquivo/Divulgação)
Temer participou de inauguração de fábrica de celulose em Três Lagoas ao lado de Joesley em 2012 (Foto: João Quesada/Arquivo/Divulgação)

O presidente Michel Temer (PMDB) foi flagrado em uma gravação feita pelos irmãos Joesley e Wesley Batista autorizando o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) a intermediar a resolução de um assunto relativo a holding J&F. O parlamentar foi filmado pela PF (Polícia Federal) recebendo propina de R$ 500 mil.

Os irmãos são donos da J&F, controladora dos frigoríficos da JBS e da empresa de produção de celulose Eldorado Brasil, ambas com instalações em Mato Grosso do Sul - operações foram realizadas no Estado recentemente. A holding também possui ações nas empresas Vigor, Alpargatas e Banco Original.

A informação sobre o flagrante foi publicado no início desta noite de quarta-feira (17) na edição online do jornal carioca O Globo, pelo colunista Lauro Jardim. A gravação foi entregue ao ministro e relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), Edson Fachin, na quarta-feira (10) passada, segundo O Globo.

Na deleção premiada dos irmãos Batista, eles ainda contam que disseram para Temer que estavam pagando uma mesada para ex-deputado federal, cassado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao operador Lúcio Funaro para permanecerem calados na prisão. A situação foi incentivada por Temer, que afirmou o pagamento deveria ser mantido.

Senador Aécio Neves - Quem também ficou comprometido na delação foi o senador tucano Aécio Neves, de Minas Gerais. Ele foi gravado pedindo R$ 2 milhões para Joesley, segundo informou O Globo.

Segundo a reportagem, a PF também filmou o recebimento do dinheiro, entregue a um primo de Aécio, e ainda descobriu que o valor foi depositado em uma empresa do também tucano e senador mineiro Zeze Perrela.

Já quanto sua relação com o PT, Joesley teria dito que seu contato com o partido era o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, que também era quem negociava o valor das propinas a serem distribuídas para petistas e aliados, além de interesses da JBS no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Desoneração e propina - Eduardo Cunha recebeu R$ 5 milhões depois de preso, segundo Joesley, ele teria que pagar R$ 20 milhões para tramitar uma lei de desoneração tributária do setor de frango.

Todas as ações de Joesley foram monitoradas pela PF, que conseguiu rastrear R$ 3 milhões em propinas distribuídas apenas durante o mês passado - ou seja, ações de corrupção estavam sendo realizadas mesmo diante de investigações.

O número de série das notas repassados por Batista foram informadas à PF e MPF (Ministério Público Federal), sendo então rastrear todo o caminho feito por elas para que o dinheiro fosse legalizado ou escondido. O Supremo ainda não confirmou as informações da reportagem do O Globo.

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