Política

Sem ajuda nacional, PT de MS tem dívida de R$ 613 mil

Com arrecadação de R$ 10,8 mil, sigla já não tem mais funcionários e acumula acertos trabalhistas a pagar

Lucas Junot | 31/07/2017 16:14
Petistas de MS celebraram a posse de Zeca como presidente há cerca de um mês (Foto: Reprodução/PT-MS)
Petistas de MS celebraram a posse de Zeca como presidente há cerca de um mês (Foto: Reprodução/PT-MS)

O Diretório Estadual do PT (Partido dos Trabalhadores) em Mato Grosso do Sul está à beira da falência. Sem receita, sem recursos do Fundo Partidário, a nova direção, presidida pelo deputado federal Zeca do PT – empossada há cerca de um mês – assumiu dívidas que somam R$ 613 mil.

No próximo dia três, completa um mês que o diretório demitiu oito funcionários. Desses, seis acionaram a Justiça do Trabalho, nesta segunda-feira (31), para receber os salários atrasados e os direitos trabalhistas.

De acordo com a tesoureira da nova direção, Kátia Guimarães, alguns dos trabalhadores serviram o diretório por mais de dez anos e chegaram a ter os salários atrasados por três meses. Além da folha salarial, desde 2015 o PT, sob a direção do então presidente Antônio Carlos Biffi, não realizava os depósitos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) dos funcionários.

No último dia 17, os trabalhadores demitidos comunicaram o caso à presidente nacional do partido, senadora Gleisi Hoffmann, por meio de uma correspondência, informando sobre o consideram “total desrespeito aos princípios defendidos pelo Partido”. No documento, os ex-funcionários, além de denunciar o calote na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), pedem apoio do Diretório Nacional para o pagamento dos salários e as verbas rescisórias.

Levantamento da atual diretoria revela que a dívida do partido junto ao INSS é de R$ 318 mil, R$ 150 mil em recisões contratuais e mais R$ 120 mil referentes ao FGTS e multas, entre outras.

Conforme a advogada trabalhista, Jucineide Almeida de Menezes, a partir do protocolo no site da Justiça Trabalhista, a tendência é que, em até dez dias no máximo, seja deferida a tutela antecipada para que os ex-funcionários possam sacar o valor do FGTS depositado e encaminhar a solicitação do seguro desemprego no Ministério do Trabalho e Emprego.

Contudo, em janeiro deste ano, o diretório do partido no Estado deixou de receber R$ 73 mil mensais, referentes ao Fundo Partidário. A arrecadação mensal da legenda é de apenas R$ 10.800.

“Pegamos uma folha salarial de R$ 30 mil mensais [líquido], seis meses de aluguel atrasado, contas de água, luz vencidas, tudo cortado e mais essa situação dos trabalhadores, além de outras dívidas com advogados. O PT está arrebentado financeiramente. Não tinhamos como manter funcionários, a dívida só aumentaria”, disse a tesoureira.

Antonio Carlos Biffi presidiu o diretório por mais de dois anos e desde 2015 deixou de recolher INSS e depositar FGTS dos trabalhadores (Foto: Arquivo)

Até o momento, os funcionários dizem que nenhuma resposta foi encaminhada pela direção nacional. Dentre as medidas a serem tomadas pelo grupo nos próximos dias estão o pedido de solidariedade aos deputados estaduais do PT na Assembleia Legislativa, à CUT/MS e até se cogita à desfiliação do Partido, em sinal de protesto.

A expectativa dos demitidos é que o Diretório Estadual apresente um acordo para o pagamento dos direitos trabalhistas na audiência de conciliação, ainda sem previsão de data para acontecer. Para garantir o recebimento, a ação trabalhista cobra a responsabilidade do Diretório Estadual, do Diretório Nacional e do próprio presidente, deputado federal Zeca do PT.

Questionada pela reportagem, nesta segunda-feira (31), a nova diretoria disse que o presidente – Zeca do PT – está em São Paulo, onde se reunirá com o tesoureiro do PT em nível nacional, a fim de reaver o Fundo Partidário e pagar as dívidas.

Ainda de acordo com a diretoria, a dívida junto ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) foi negociada e será parcelada em 60 meses, com a primeira parcela já para agosto. O mesmo está sendo pleiteado junto à Caixa Econômica Federal, acerca do FGTS.
“Toda nossa receita atual será empregada nos parcelamentos, já não temos mais funcionários, não temos como custear o diretório, se não recebermos ajuda da nacional, vai ser impossível nos mantermos”, finalizou Kátia.

O Campo Grande News entrou em contato com o ex-presidente do PT em Mato Grosso do Sul no período das dívidas, o ex-deputado federal Antonio Carlos Biffi, mas até o fechamento desta reportagem as ligações não foram atendidas.

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