PT quer Força Nacional apaziguando conflito por terras

A bancada do PT na Assembléia Legislativa deve solicitar nos próximos dias, ao Ministério da Justiça, apoio da Força Nacional para apaziguar os conflitos entre índios e fazendeiros em Mato Grosso do Sul.

Para ser encaminhada em nome da Casa, a solicitação precisa ser aprovada em plenário.

Os parlamentares afirmam que o clima de tensão está instalado, principalmente na fronteira, e que só a Polícia Federal não consegue conter os desentendimentos motivados pelos estudos antropológicos para demarcação.

O deputado Pedro Kemp (PT) ocupou a tribuna da Casa nesta manhã para pedir empenho das autoridades do Estado na mediação dos conflitos.

"Todos precisamos nos empenhar de maneira definitiva para resolver o conflito entre índios e fazendeiros", disse, afirmando ter informações de que a Funai (Fundação Nacional do Índio) deve retomar os estudos antropológicos em breve.

Kemp também afirmou que os fazendeiros estão se armando e organizando para não permitir que os trabalhos ocorram.

O deputado criticou a postura do governador André Puccinelli (PMDB), que segundo ele, ao invés de estimular a paz, insufla a guerra entre as duas partes.

"Precisamos de alguém que faça a ponte, que possa estabelecer essa mesa de diálogo, para que não aconteça uma tragédia. A melhor pessoa seria o governador do Estado, mas ao invés de promover a paz, ele provoca o dissenso", disparou o parlamentar, lembrando que Puccinelli estimulou os índios de Dourados a "prender" a administradora da Funai, Margarida Nicoletti.

"O que está acontecendo é muito grave, tem dois índios desaparecidos. O governador vai até lá, coloca o cocar na cabeça, acho isso ridículo, ele tem que ter consciência do cargo que ele exerce. A comunidade guarani-kaiowá está muito tensa", afirmou, destacando que a ação do governador pode ter insuflado índios a acampar em frente à Funai.

O deputado Paulo Corrêa (PR) saiu em defesa de Puccinelli, afirmando que o governador tem feito importantes investimentos nas aldeias.

"A Funai não faz absolutamente nada. Por outro lado, o governador entrega sementes, escolas, patrulha mecanizada", declarou.

O tucano Reinaldo Azambuja também tem criticado a forma como as reivindicações dos índios têm sido feitas. "A Funai junto com essas ONGs, ao invés de cumprir com o seu papel de cuidar do índio, tem os colocado em situação de risco, incitando-os a invadir fazendas, destruir benfeitorias, causando prejuízos para os produtores", atacou.

O deputado Zé Teixeira também ocupou a tribuna para defender o governo. Ele disse que Puccinelli foi ovacionado pelos índios, durante sua passagem por Dourados, e que tem investido na qualidade de vida nas aldeias.

Também disse que "a corda sempre arrebenta do lado dos produtores", enfatizando que eles precisam conviver com o câmbio, questões climáticas e os impostos.

"Quem não defende o que tem não merece ter. Quem está criando a baderna são os mandatários", criticou, referindo-se ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para Zé Teixeira, o erro está em dizer que os produtores não são donos de suas terras, e ao mesmo tempo cobrar dos fazendeiros valores referentes ao ITR (Imposto Territorial Rural) e Imposto de Renda.