Política

PEC da Anistia pode livrar deputado de MS

Ação pede cassação do parlamentar e devolução de valores pelo União Brasil aos cofres públicos

Cassia Modena | 16/05/2023 13:20
Proposta deverá ser aprovada pela CCJ da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados)
Proposta deverá ser aprovada pela CCJ da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados)

Será votada nesta terça-feira (16) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que poderá anistiar partidos políticos de serem punidos por irregularidades eleitorais cometidas até outubro de 2022, tais como o não repasse de valores mínimos a candidatos negros e mulheres.

Chamada de PEC da Anistia, ela poderá ter o efeito de livrar da cassação ocupantes de cargos políticos eleitos em todo o País. Em Mato Grosso do Sul, irá favorecer deputado estadual Roberto Hashioka (União Brasil), na avaliação do presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil seccional Mato Grosso do Sul), Márcio Ávilla.

O parlamentar do União Brasil responde à investigação judicial eleitoral movida no TRE/MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul) pelo PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro) e por Rafael Tavares, que é filiado à legenda e colega de Hashioka na Assembleia Legislativa do Estado. 

Segundo explicou Márcio Ávilla, a alegação é que a sigla de Hashioka não cumpriu o estabelecido quanto ao repasse de valores do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha às candidaturas cotadas por gênero e raça. "Uma irregularidade que a PEC da Anistia prevê perdoar", apontou.

O deputado estadual Roberto Hashioka, do União Brasil (Foto: Arquivo)

O deputado Roberto Hashioka afirmou que aguarda a aprovação da prestação de contas de campanha pelo TRE/MS e negou ao Campo Grande News que a ação movida contra ele poderá resultar na perda de seu mandato. "Não se discute cassação, mas sim eventual devolução dos recursos, caso aplicados de forma incorreta”, pontuou.

Rafael Tavares - Caso emblemático de cassação envolvendo desrespeito às regras relacionadas ao percentual de cotas eleitorais é o do próprio Rafael Tavares. 

O parlamentar recorreu ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) da segunda decisão de cassação de seu mandato proferida pelo TRE/MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul), no mês passado.

Sobre a situação do parlamentar do PRTB, o entendimento do presidente da Comissão Eleitoral da OAB/MS é que não haverá favorecimento em caso de aprovação da PEC da Anistia.

Deputado estadual Rafael Tavares recorreu de cassação ao TSE (Foto: Divulgação/ALMS)

Isso porque a proposta não prevê perdão à irregularidade a que seu partido responde, que é o descumprimento do percentual de candidaturas femininas registradas nas últimas eleições, e não aos repasses de recursos dos fundos eleitorais aos candidatos negros e mulheres – como no caso do União Brasil de Hashioka, diferencia Márcio.

A reportagem entrou em contato com a assessoria do deputado Rafael Tavares para saber de suas expectativas quanto ao recurso enviado ao TSE e a votação da PEC da Anistia, mas não teve retorno. O espaço segue aberto.

A PEC - Com apoio do governo e oposição, a PEC da Anistia deve ser aprovada nesta terça-feira na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados. Após essa etapa, ela irá tramitar no Congresso.

A proposta foi assinada por 184 deputados federais, nenhum de Mato Grosso do Sul. Ela prevê que nenhuma punição seja aplicada a partidos políticos que descumpriram regras eleitorais antes de sua promulgação. Entre essas irregularidades está não repassar o mínimo de verbas de fundos eleitorais a mulheres e negros nas eleições. 

O advogado Márcio Ávilla a desaprova. "A gente enxerga com olhar de desaprovação e certa tristeza isso. A Legislação vem avançando no caminho de fazer a inserção da mulher, negro e pardo na política e não é a primeira vez que o congresso se manifesta para anistiar atos errôneos dos partidos". Ele se refere à PEC aprovada e promulgada em abril de 2022, anistiando as legendas pelo não cumprimento das cotas nas eleições anteriores. 

Em votação, a PEC da Anistia quer ainda a volta do financiamento empresarial para quitação de dívidas eleitorais obtidas até 2015.


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