Política

‘Palácio’ do casal Olarte teria escada de mármore e piscina com água aquecida

Obra começou em janeiro de 2015 e levaria dez meses para a conclusão, mas canteiro foi abandonado em agosto de 2015

Anahi Zurutuza | 27/08/2016 10:37
Condomínio de luxo no leste da Capital foi escolhido por casal Olarte para a construção de mansão (Foto: Alcides Neto)
Condomínio de luxo no leste da Capital foi escolhido por casal Olarte para a construção de mansão (Foto: Alcides Neto)
Andreia e Olarte quando foram presos no dia 15 de agosto (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)

A mansão que estava sendo construída pelo prefeito de Campo Grande afastado, Gilmar Olarte, e a ex-primeira-dama Andreia Olarte no Residencial Damha 2, um dos condomínios mais luxuosos da Capital, teria 400 metros quadrados, piscina de 30 metros quadrados e escada de mármore. Para erguer o “palácio”, o casal desembolsaria R$ 1,3 milhão, dinheiro que segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) é de origem ilícita, desviado dos cofres do município.

A obra começou em janeiro de 2015 e terminaria em dez meses, mas parou logo depois que Olarte foi deposto do comando do Executivo municipal, em agosto do ano passado. Só em paisagismo o ex-vice-prefeito e a mulher pretendiam gastar R$ 30 mil, além de R$ 25 mil com o projeto de iluminação, conforme o contrato assinado com a empreiteira que tocaria a construção.

Todo o acabamento previsto seria de primeira linha, com madeira, vidro temperado, piso porcelanato nas áreas interna e externa. Granito branco e mármore seriam usados nos banheiros, cozinha, espaço gourmet e na escada.

Outra exigência que consta no memorial descritivo, anexado à denúncia feita contra o casal à Justiça, era o preço das torneiras que teriam de custar no mínimo R$ 300.

Toda a água da casa, inclusive da piscina, de 30 metros quadrados e com um metro e meio de profundidade, seria aquecida por meio de placas solares.

A construtora contratada entregaria a obra com o acabamento, projeto de iluminação pronto e aparelhos de ar condicionado instalados.

Conforme apuraram os investigadores “de elite” do MPE (Ministério Público Estadual), Andreia e Olarte chegaram a desembolsar R$ 650 mil, metade do valor orçado, para construir a casa. O acordo com o escritório de engenharia era pagar o R$ 1,3 milhão em dez vezes, mas em agosto as parcelas deixaram de ser depositada em agosto de 2015 e em setembro do ano passado, a construtora notificou os “donos” da mansão sobre a paralisação.

Gaeco esteve na casa de todos os acusados e recolheu documentos (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

‘Casa caiu’ – Foi a compra do terreno no Damha e o contrato para a construção da casa que levou o empresário Evandro Farinelli e o corretor de imóveis Ivamil Rodrigues de Almeida para a cadeia. A mulher de Evandro, Christiane Farinelli, também foi denunciada à Justiça por falsidade ideológica, mas não está presa.

Evandro e Christiane são os proprietários do lote no condomínio fechado, conforme consta no registro em cartório. O contrato para a construção da mansão também foi firmado pelo casal. Mas, para o Gaeco, o empresário e a mulher serviram de “laranjas” para Olarte e Andreia.

Já Ivamil ajudou a ex-primeira Dahma na compra de vários imóveis na Capital e por isso está preso e foi denunciado.

Na denúncia, foram anexadas evidências de que Andreia Olarte acompanhava a obra par e passo. No dia 15 deste mês, durante cumprimento de mandado de busca, o Gaeco apreendeu na Casa da Esteticista, loja que pertence a ex-primeira-dama, um folha onde estavam impressa uma sequência de e-mails sobre a obra.

Além disso, segundo a investigação, a vizinhança sabia que a casa em construção pertencia ao então prefeito e a primeira-dama à época. O corretor era quem fazia a ponte entre engenheiros e arquitetos e Andreia para não ter de revelar a verdadeira identidade dos donos do “palácio” em construção.

Mas, certa vez, ainda conforme o MPE, imóveis chegou a comentar isso com moradores do condomínio que Olarte e a mulher se mudariam para a casa no Dahma 2.

Uma arquiteta também chegou a ter duas reuniões com Andreia, quando Ivamil teve dificuldade de retransmitir as exigências da ex-primeira-dama aos responsáveis pela obra.

Outro indício de que Evandro e Christiane eram “testas-de-ferro” do casal Olarte é o fato do filho de Andreia, Higor Nunes Zanelato, estar cadastrado na administração do condomínio.

Operação Pecúnia – Andreia, o marido, Evandro e Ivamil foram presos no dia 15 de agosto. A investigação começou após dados obtidos com a quebra de sigilo bancário da ex-primeira-dama, assim como de sua empresa (Casa da Esteticista), porque ela teria adquirido vários imóveis na Capital, na época em que o marido era prefeito. A Operação Pecúnia apurou os crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e associação criminosa. 

O advogado do casal, João Carlos Veiga Junior, informou que a defesa vai provar que os imóveis que estão no nome de Evandro e Christiane não são do pastor e da mulher. “Já temos toda a documentação. Estes imóveis [no caso, a casa de R$ 1,3 milhão e o terreno de R$ 400 mil no Damha 2] não estão no nome deles, isso tudo é suposição do Ministério Público”, afirmou em entrevista no dia 25.

Para que o prefeito afastado, a ex-primeira-dama e as outras três pessoas virem réus, a Justiça precisa aceitar a denúncia.

Matéria editada às 13h10 para acréscimo de informação.

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