Política

Oito de MS têm dados pessoais expostos na internet por combater o fascismo

Moradores das cidades de Campo Grande, Dourados e Corumbá vão acionar a Justiça questionando a exposição pública

Tainá Jara | 04/06/2020 15:55
Deputado estadual, Douglas Garcia, do PSL de São Paulo criou a tal lista. (Foto: Reprodução/Facebook)
Deputado estadual, Douglas Garcia, do PSL de São Paulo criou a tal lista. (Foto: Reprodução/Facebook)

Oito pessoas de Mato Grosso do Sul tiveram dados pessoais expostos em listagem de quase 1 mil páginas, elaborada pelo deputado estadual, Douglas Garcia, do PSL de São Paulo, para mapear pessoas vinculadas ao movimento antifascista no Brasil. Jovens moradores das cidades de Campo Grande, Dourados e Corumbá vão procurar a Justiça questionando a exposição por parte dos parlamentares.

Em vídeo divulgado no dia 2 de julho, nas redes sociais, o deputado ameaça levar a listagem para polícia e para a Procuradoria-Geral de República, em parceria com o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o deputado estadual Gil Diniz, ambos também do PSL.

Além disto, o deputado afirma que vai encaminhar a lista para embaixada dos Estados Unidos, país onde o presidente Donald Trump classificou o grupo antifascista Antifa como terrorista. A iniciativa seria uma forma de “promoção da cultura de paz e segurança entre estas duas grandes nações”, justifica.

“Eu acho que o seu sonho de visitar a Disney, conhecer alguns lugares dos Estados Unidos da América, ou comemorar o seu aniversário lá, vai ter que mudar. Vai ter que mudar para Cuba, vai ter que mudar para a China, vai ter que mudar para a Coréia do Norte”, argumentou o deputado se referindo aos nomes citados na lista.

Entre parte dos oito jovens do Estado expostos pelo deputado paulista, o clima é de receio e temor, entretanto, alguns já tomam medidas judiciais, registram boletins de ocorrência e até procuram a Polícia Federal contra a atitude.

João Felix foi surpreendido por estar na lista (Foto: Reprodução)

O vigilante, João Félix, 28 anos, morador da Capital foi surpreendido logo pela manhã desta quinta-feira com as informações da lista. “Pessoas desconhecidas me mandaram mensagens dizendo que meus dados estavam sendo divulgados como se estivesse filiado a uma rede terrorista. Fiquei até assustado”.

Segundo ele, o principal temor era ter endereço e nomes de parentes publicizados.

“Acabei bloqueando parte dos meus dados. Não pretendo excluir as redes sociais, mas já estou conversando com alguns amigos advogados para ver a melhor maneira de proceder”, afirmou.

Na lista, Félix tem como observação o fato de ser seguidor de diversas páginas com conteúdo antifascista, além da página Antifa Hoolingans BR. “Me preocupa você não poder se expressar, se organizar contra o governo. Você sente a repressão a cada instante. Isto deixou de ser algo subjetivo e está passando a ser uma opressão direta. Uma censura a sua maneira de pensar”, afirmou.

Outro critério utilizado por quem elaborou a lista foi a adesão, nas rede sociais, a logo da bandeira antifascista. O símbolo se disseminou nas últimas semanas com a intensificação dos protestos contra o racismo no Brasil e nos EUA. 

O que é fascismo?  – De acordo com o site Brasil Escola, o fascismo é entendido por cientistas políticos e historiadores como a forma radical da expressão do espectro político da direita conservadora.

Uma vez que ocupa espaços de poder, o fascismo transforma-se em um regime extremamente autoritário, baseado na exclusão social, portanto, hierárquico e bastante elitista.

O termo “fascismo” pode ser usado para referir-se: ao fascismo surgido na Itália e liderado por Benito Mussolini; à expressão extrema do fascismo sob a ideologia nazista, desenvolvida por Adolf Hitler; ou aos regimes que surgiram durante o período entre a Primeira Guerra Mundial e a Segunda inspirados ideologicamente no fascismo italiano, como foram os casos do salazarismo, em Portugal, do franquismo, na Espanha, do movimento Ustasha, na Croácia etc.

Atualmente, o termo é utilizado para se referir a poderes autoritários, racistas, homofóbicos e machistas. A expressão antifascista seria a oposição a estas ideias e se popularizou nas redes sociais nos últimos dias, com os protestos contra o assassinado de George Floyd, um negro norte-americano, por policiais brancos. A morte ocorreu depois de abordagem agressiva por ele ter tentado fazer compras com uma nota falsa. 

Bandeira antifascista tem ganhado várias versões, postadas nas redes sociais.


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