Política

Dois políticos de MS são citados por delator da Operação Lava Jato

Flávia Lima | 05/07/2015 17:04
Senador Delcídio do Amaral (PT) também recebeu doação da empreiteira UTC. (Foto:Divulgação)
Senador Delcídio do Amaral (PT) também recebeu doação da empreiteira UTC. (Foto:Divulgação)
Ex-deputado Ary Rigo, que não se reelegeu, recebeu doação oficial de empreiteira. (Foto:Divulgação)

Reportagem da edição da revista Veja deste domingo (5) envolve os nomes do ex-deputado estadual Ary Rigo e do senador Delcídio do Amaral (PT), nas denúncias feitas pelo engenheiro Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, apontado como um dos personagens principais da Operação Lava Jato. Beneficiado pela delação premiada, Pessoa já havia afirmado o uso de dinheiro do petrolão para bancar despesas de 18 políticos.

Agora, no próximo dia 14, o empreiteiro vai depor em outro processo que apura irregularidades na arrecadação da campanha da presidente Dilma Roussef, no ano passado. De acordo com a matéria, Pessoa afirmou que era praxe distribuir dinheiro para campanhas políticas.

A atividade era uma estratégia de suas empresas para, como frisou o engenheiro, permitir que “a engrenagem andasse perfeitamente, tirando as pedras do caminho e abrindo portas no Congresso, na Câmara e em todos os órgãos públicos", como cita a matéria da Veja.

Pessoa foi apontado pelos investigadores como o chefe do grupo que durante a última década operou o maior esquema de desvio de dinheiro público da história do país. O empreiteiro entregou à Justiça planilhas com movimentações financeiras, além de manuscritos de reuniões e agendas.

Parte da lista de nomes beneficiados com doações oficiais e não oficiais na campanha presidencial de 2010, que também elegeu governadores, deputados e senadores, tem 32 nomes destacados pela revista. No entanto, apenas 15 políticos dessa relação receberam doações ilícitas. De acordo com a lista, o ex-deputado Ary Rigo teria recebido R$ 80 mil da construtora Constran e o senador Delcídio do Amaral (PT), a quantia de R$ 500 mil. No caso de Delcídio, a fonte pagadora foi a construtora UTC, de Ricardo Pessoa.

No entanto, as doações feitas aos políticos de Mato Grosso do Sul constam como oficiais, ou seja, não fazem parte dos valores “por fora” recebidos pelos demais candidatos da época. O documento ao qual a revista teve acesso é dividido em três colunas que destacam as doações realizadas pela UTC, as realizadas pela Constran e a coluna "pedido", onde o delator anotou os repasses ilegais.

Os nomes de Rigo e Delcídio não aparecem neste espaço, o que já não ocorre, por exemplo, com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloízio Mercadante que, de acordo com a matéria, recebeu R$ 500 mil em doações oficiais e R$ 250 mil de não oficiais na campanha de 2010, quando concorreu ao governo paulista.

Nesta campanha, inclusive, Ary Rigo acabou não se reelegendo pelo PDT após denúncias de corrupção. De acordo com uma ação popular de 2002, ele se beneficiaria irregularmente de pensões do Fundo Estadual de Aposentadoria do Parlamentar de Mato Grosso do Sul (Fepams).

Rigo também foi investigado em 2006 por suposta prática de caixa 2, recebendo recursos não contabilizados de Hyran Garcete, apontado pela Polícia Federal como líder de uma organização criminosa de contrabando de cigarros e lavagem de dinheiro. Já Delcídio do Amaral conseguiu em 2010 sua reeleiçãopara o Senado.

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