Política

Corregedor de presídio vai pedir informações sobre visitas a Puccinelli

Movimentação de deputados e integrantes do partido se intensificou nesta sexta-feira

Izabela Sanchez e Marta Ferreira | 03/08/2018 14:55
Deputado Junior Mochi, senador Waldemir Moka, deputados Márcio Fernandes e Eduardo Rocha visitaram o ex-governador nesta manhã (3). (Foto: Marina Pacheco).
Deputado Junior Mochi, senador Waldemir Moka, deputados Márcio Fernandes e Eduardo Rocha visitaram o ex-governador nesta manhã (3). (Foto: Marina Pacheco).

O Centro de Triagem, presídio no bairro Jardim Noroeste em Campo Grande, tem atraído diversos visitantes inusitados. Já foram ao local deputados estaduais, senadores e representantes do MDB, partido do ex-governador André Puccinelli, preso no local desde o dia 20 de julho. A entrada facilitada no presídio, no entanto, não tem base legal, segundo advogados e juristas ouvidos pela reportagem. 

Corregedor do presídio, o juiz Alexandre Antunes da Silva afirmou que, a princípio, não soube de irregularidades, mas vai apurar a situação. “Eu vou pedir informação a eles, e vou verificar se tem abuso ou não". De acordo com o juiz, antes disso não poderá se manifestar se as visitas seguem a regra legal ou não. "A ideia é sempre verificar se o tratamento é legal ou com qualidade”.

Nos últimos dias, como nesta sexta-feira (3), dia que antecede à convenção da legenda, o movimento se intensificou. Estiveram no local os deputados estaduais Renato Câmara, Eduardo Rocha e o presidente da Assembleia Legislativa, Junior Mochi, além do presidente do MDB em Campo Grande, Ulisses Rocha, e o senador Waldemir Moka, vice-presidente estadual da legenda. 

O ministro Carlos Marun já esteve por lá e, no sábado, foi a senadora Simone Tebet que também visitou Puccinelli. Foi nesse dia, quando, segundo relatou, foi feito o chamado para que o substituísse na candidatura do MDB.

Responsável pela defesa de Puccinelli, o advogado Renê Siufi disse que desconhece as regras que permitem a visitação dos deputados e relembrou que, em alguns casos, há os que são advogados e podem entrar também com essa prerrogativa.

Constituição -  A situação remete à ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba (PR), na Polícia Federal, e que também tem recebido muitas visitas, mas no caso dele foi preciso que o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizasse, depois de negativa da Justiça Federal.

Por meio da assessoria de imprensa, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) declarou as visitas dos parlamentares são permitidas com base no artigo 58 da Constituição Estadual. O texto  diz que "os deputados terão acesso às repartições públicas estaduais para se informarem sobre qualquer assunto de natureza administrativa".

Não há citação a outros políticos, como ministros e parlamentares federais. 

Puccinelli também recebeu a visita de presidentes de partido, como é o caso de César Gazolla, do PTC. No caso dele, a entrada é permitida por ser advogado, desde que apresentada a carteirinha da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

Diante do aumento das visitações desse tipo, a Agepen também afirma que solicitou à Procuradoria Jurídica parecer sobre a legalidade de emitir uma resolução interna. A resolução, segundo a Agência, é normatiza a entrada, em presídios de Mato Grosso do Sul, de pessoas que possuem prerrogativas especiais, como parlamentares e advogados.

O advogado Renê Siufi na porta do presídio, com o ministro Carlos Marun ao fundo. (Foto: Saul Schramm)
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