Política

Com pesquisas vetadas, 2012 vive situação inusitada para eleitor

Aline dos Santos | 14/09/2012 14:25

Último levantamento de intenção de voto que veio a conhecimento público data de quase um mês

Na reta final para a campanha, não há números divulgados sobre a preferencia do eleitor entre os 7 candidatos em Campo Grande. (Montagem)
Na reta final para a campanha, não há números divulgados sobre a preferencia do eleitor entre os 7 candidatos em Campo Grande. (Montagem)

As eleições se aproximam em Campo Grande com uma importante ausência: os números das pesquisas eleitorais. Desde julho foram registradas onze pesquisas para prefeito no TRE/MS (Tribunal Regional Eleitoral), mas a maioria não pôde ser divulgada por decisão da Justiça Eleitoral. A última que veio a conhecimento público data de quase um mês.

“A juíza está avaliando errado o processo eleitoral. Ela não tem conhecimento sobre a metodologia de pesquisa”, reclama o diretor do Ipems (Instituto de Pesquisas de Mato Grosso do Sul), Lauredi Borges Sandim, sobre as decisões da juíza da 36ª Zona Eleitoral, Elizabeth Rosa Baisch. O Ipems teve três pesquisas barradas pela Justiça.

Conforme Lauredi, a magistrada exige simulação de segundo turno incluindo os sete candidatos, com 49 simulações. Ele explica que de praxe são colocados os nomes dos dois melhores colocados.

“Aqui, são o [Edson]Giroto e o [Alcides] Bernal. Querem que simule Sidney [Melo] e Suél [Ferranti], o que é fora de qualquer preceito técnico metodológico. Em São Paulo, são 15 candidatos e os institutos só simulam segundo turno com primeiro, segundo e terceiro”, salienta.

Segundo o diretor do Ipems, caso seja inclusa todas as simulações, cada questionário vai levar 15 minutos para ser respondido, dobro do tempo normal. Para Lauredi, a juíza deveria ouvir os institutos de pesquisa antes de barrar a publicação.

Assessor jurídico da coligação liderada por Reinaldo Azambuja, o advogado José Rizkallah Júnior afirma que as impugnações são feitas porque os questionários são tendenciosos. “Isoladamente, só a simulação do segundo turno não seria passível de impugnação. Mas é a indução de raciocínio, é toda tendenciosa”, justifica.

A coligação impugnou pesquisas do Ipems, Atlas Assessoria e Planejamento e Ibope. Segundo ele, a Justiça defere os pedidos e os institutos não recorrem. O advogado frisa que os institutos insistem em apresentar o mesmo questionário já vetado. Conforme registro no TRE/MS, as pesquisas têm custos entre R$ 6.220 e R$ 33 mil.

A juíza tem acatado os pedidos contra a publicação das pesquisas com base principalmente nos questionários, apontados como falhos. Em nota, a Amamsul (Associação dos Magistrados de Mato Grosso do Sul) informou que a juíza determinou a não publicação de uma pesquisa eleitoral possivelmente tendenciosa.

Preocupação e marqueteiros - Especialista em Geografia Política, Tito Carlos Machado de Oliveira afirma que a ausência de pesquisas é preocupante. “Toda a população tem que ter direito à informação. Tem que vir a público”, avalia.

Segundo ele, se há dúvida sobe a metodologia, os partidos podem recorrer à Justiça e impedir, por exemplo, que a pesquisa seja apresentada no horário eleitoral gratuito.

Ele lembra que a pesquisa tem influência sobre a parcela de pessoas que não votam de acordo com a consciência. “É uma coisa nojenta que ‘pegou’ na população, que se condicionou a votar em que vai ganhar. Principalmente na classe média”, diz.

Professor de Ciência Política na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), Neimar Machado de Sousa relata que o eleitor passa por um processo de “apatia política”, que se traduz na baixa audiência da propaganda eleitoral e no desconhecimento de quem são os candidatos. Neste cenário, ele analisa que a divulgação da pesquisa tem mais efeito entre os marqueteiros político do que para o eleitorado.

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