Política

Chefe da CGU em MS entrega cargo contra ministro 'grampeado'

Michel Faustino | 30/05/2016 17:28
Cartaz colado em frente a sede da CGU em MS em manifesto de servidores. (Foto: Direto das Ruas)
Cartaz colado em frente a sede da CGU em MS em manifesto de servidores. (Foto: Direto das Ruas)

O chefe da CGU (Controladoria Geral da União) em Mato Grosso do Sul, José Paulo Juliete Barbieri, entregou o cargo nesta segunda-feira (30) em protesto contra o ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Martins Silveira. O ministro foi flagrado em gravação feita pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, dando sugestões sobre como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deveria proceder para frear as investigações da Lava Jato sobre o núcleo peemedebista.

A decisão de Barbieri segue movimento nacional da categoria, com outras 22 lideranças da controladoria do país entregando o cargo ao mesmo tempo. Outros 200 ocupantes de cargos de direção e assessoramento superior anunciaram a entrega de seus cargos, para evitar que o ministro exonere a chefia e os substitua.

Segundo o presidente do Unacom/MS (Sindicato de Analistas e Técnicos de Controle de Mato Grosso do Sul), JLuis Roberto Machado, além de cobrar a exoneração imediata de Fabiano Silveira, o chefe da CGU MS diz que o movimento pede também pede a revogação da medida provisória assinada pelo presidente interino Michel Temer que criou o Ministério da Transparência, alterando a estrutura da CGU.

Outro ponto reivindicado pelos sindicalistas é a aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC 45/2009) que dá “soberania” à CGU para investigar e apresentar laudos.

“A partir do momento em que a CGU se nivela ao ministério a autonomia não existe mais. Entre outras coisas que desestruturam uma instituição que atua há 17 anos no combate a corrupção”, complementa o sindicalista.

Uma caravana deve sair de MS nesta terça-feira (31) com destino a Brasília onde uma manifestação está sendo programada para acontecer na quarta-feira.

Em nota divulgada nesta manhã, o Unacom (Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle cobra a saída imediata de Fabiano Silveira.

“O Sr. Fabiano Martins Silveira, ao participar de reuniões escusas para aconselhar investigados na operação Lava Jata, bem como ao fazer gestões junto a autoridades e órgãos públicos a fim de apurar denúncias contra seus aliados políticos ‘demonstrou não preencher os requisitos de conduta necessários para estar à frente de um órgão que zela pela transparência pública e pelo combate à corrupção’, afirma o comunicado assinado por Rudinei Marques, presidente do Unacom Sindical.

O diálogo entre Fabiano Silveira e Renan foi gravado na residência oficial do Senado em 24 de fevereiro, quando o atual ministro era conselho do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). O ministro também fez recomendações a Machado sobre como ele deveria se comportar diante de uma medida cautelar, conforme revela reportagem do Fantástico. Funcionário de carreira do Senado, Fabiano é considerado indicação de Renan para o ministério.

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