Política

Carta anônima de secretária denunciou esquema de Sizuo

Redação | 16/07/2009 08:49

Uma carta anônima enviada em 2007 ao juiz Odilon de Oliveira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, foi a responsável pelo início da investigação da Polícia Federal que levou vereadores, secretários e empresários de Dourados, Ponta Porã e Naviraí para a cadeia na semana passada.

A carta teria sido escrita por uma funcionária do empresário Sizuo Uemura, um dos presos no dia 7 e acusado de liderar a organização.

O documento relatava crimes de sonegação fiscal, pagamento de suborno a políticos, fraude em processos de licitação e crime de agiotagem.

Na denúncia, a suposta secretária informou que em março daquele ano a arrecadação da matriz da empresa funerária Pax Primavera, de propriedade de Sizuo Uemura, havia arrecadado R$ 942 mil e outros R$ 435 mil tinham sido arrecadados pelas filiais de Rio Brilhante, Itaporã, Caarapó e Ponta Porã.

"Desse dinheiro arrecadado ele paga imposto de menos de 10%", dizia a carta anônima, cujo teor está no relatório da Polícia Federal sobre a Operação Owari ao qual o Campo Grande News teve acesso.

A suposta secretária de Sizuo Uemura denunciou na carta que a licitação feita pela Prefeitura de Dourados para contratação de serviços funerários tinha sido fraudada e que o município pagava "valores exorbitantes" à Pax Primavera.

"Eu sei que o senhor não concordará em saber que toda a população de Dourados é obrigada a pagar um preço exorbitante pelo serviço funerário, sendo o mais barato R$ 1.200 e o mais caro R$ 21.500", relatou a carta.

A denúncia anônima que chegou a Odilon de Oliveira atingia também policiais civis e militares. "Todos têm medo deste homem na cidade, inclusive nós, os funcionários. Ele ameaça, bate e manda matar pessoas. Tem policiais civis e militares a serviço dele (sic)", disse a secretária na carta ao juiz federal.

Na carta, a funcionária citou nomes de gerentes das empresas de Sizuo Uemura que poderiam colaborar com as investigações. Também acusou o empresário de manter um escritório de agiotagem. "Ele toma objetos das pessoas, desmoraliza, ameaça, bate. Ele se gaba de ser o dono da cidade, ri de todos (sic)", relatou a suposta secretária.

Com base na denúncia anônima, a delegacia da Polícia Federal em Dourados iniciou a investigação que durou dois anos e culminou com a prisão de 42 pessoas na semana passada, entre elas Sizuo Uemura. O empresário conseguiu habeas corpus no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul e está em liberdade.

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