Política

Antes mesmo de assumir, Bernal já está em crise com os vereadores

Fabiano Arruda | 14/12/2012 10:30
Prefeito eleito Alcides Bernal conversa com vereadores na única visita oficial à Câmara, no dia 6 de novembro. (Foto: Divulgação)
Prefeito eleito Alcides Bernal conversa com vereadores na única visita oficial à Câmara, no dia 6 de novembro. (Foto: Divulgação)

O congelamento do IPTU para 2013, aprovado pela Câmara Municipal, ontem (13), expôs uma crise entre os vereadores e o prefeito eleito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP). Hoje, a rusga teve mais um ingrediente: No Facebook, o progressista acusou os parlamentares de boicote a seu governo que começa em janeiro.

“A maioria dos vereadores que aumentaram seus salários, resolveram diminuír o orçamento de 2013 (preparado pelo prefeito atual), e, muito previsível e provavelmente vão querer engessar e boicotar a nossa futura administração, aprovando emendas que aumentam despesas e reduzem de 30% para 5% a suplementação orçamentária ou condição para bem administrar. Tudo por pura e egoística vontade de impedir uma futura boa administração”, escreveu o prefeito eleito.

“Ele tem que entender que a Câmara é soberana, é um Poder e os Poderes têm de se relacionar. Dá a impressão de que ele pode administrar sem os vereadores”, declarou Airton Saraiva (DEM) sobre a relação com Bernal.

“Eles poderiam rever também as licitações do lixo, do transporte coletivo, da inspeção veicular e da merenda escolar”, retrucou o prefeito eleito.

Embora o legislativo campo-grandense conte com nova disposição a partir do ano que vem, 14 deles compõe o atual quadro e a celeuma gerada pela votação do tributo pode levar prejuízos ao primeiro ano do mandato do progressista.

“O Bernal é um cara que não conversou com ninguém. Ele queria congelar e agora vamos congelar”, disse nesta semana Vanderlei Cabeludo (PMDB) num misto de protesto e retaliação pelo distanciamento de Bernal com a Câmara.

Do lado dos vereadores da base de partidos que ajudaram a eleger Bernal, outras situações na votação chamam atenção. Petistas, por exemplo, como Thais Helena e Marcos Alex, posicionaram-se a favor do reajuste proposto pelo prefeito Nelson Trad Filho (PMDB) de 5,3%, definindo o índice, que apenas repõe a inflação, como vitória da sociedade.

A postura contraria o que foi pregado pelo candidato do partido na disputa à Prefeitura neste ano, Vander Loubet, outro a defender o congelamento. Por outra leitura, eles estariam tentando mesmo proteger o primeiro ano de mandato do progressista: aumento do tributo para que as receitas municipais não sofressem qualquer risco no início da gestão.

Já outros vereadores “aliados” votaram favorávelmente ao congelamento alegando coerência e porque também pregaram a ideia ao longo do período eleitoral. Athayde Nery (PPS), por exemplo, considera a aprovação da proposta uma vitória aos campo-grandenses após anos de reajustes consecutivos, entretanto, pontua que Bernal preferiu que Bernal não quis assumir o congelamento.

Nesta semana, Airton Saraiva criticou justamente o distanciamento do chefe do Executivo Municipal a partir de 2013 com as questões em discussão que vão influenciar seu primeiro ano de mandato. Até agora, o progressista fez uma visita oficial à Casa, no dia 6 de novembro. “Isso (IPTU) é responsabilidade da administração 2013 e o Bernal diz que não é problema dele?”.

“Não são todos os vereadores, mas um ou outro acreditam que estamos no terceiro turno das eleições 2012”, retrucou o prefeito eleito sobre a situação.

Além da análise do imposto, a discussão sobre o reajuste do salário do prefeito também provocou muita divergência entre o progressista e os parlamentares nos últimos dias. O rendimento atual é de R$ 15,8 mil, praticamente o mesmo valor que os vereadores vão receber a partir do ano que vem.

Bernal já garantiu que não vai pedir aumento. Vereadores consideram impossível não votar a matéria porque, além de considerarem incoerente terem o mesmo salário, a questão está atrelada ao reajuste de servidores municipais que têm salários congelados há anos.

O presidente da Câmara, Paulo Siufi (PMDB), chegou a declarar que o aumento será votado e, caso Bernal, prefira, faça doações do valor. Tudo isso a 17 dias da posse.

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