Política

Alunos da Reme da Capital têm carne de 2ª com preço de 1ª , revela guia

Zemil Rocha | 17/06/2013 18:29
Escola Iracema, onde teve arroz com "larvas", é a mesma que teve intoxicação em 2011 (Foto: Arquivo)
Escola Iracema, onde teve arroz com "larvas", é a mesma que teve intoxicação em 2011 (Foto: Arquivo)
Documento da prefeitura revela elevado preço da carne (Foto: Cleber Gellio)

A carne consumida pelos alunos das escolas municipais de Campo Grande certamente não é de primeira, na qualidade, mas o preço pago pela Prefeitura, sob a gestão de Alcides Bernal (PP), atinge esse patamar. Na guia de remessa às escolas de janeiro deste ano, da Superintendência de Abastecimento Alimentar (Suali), a “carne bovina em tiras orgânicas” destinada a uma das escolas da Rede Municipal de Ensino (Reme) aparece com preço de R$ 14,25 o quilo, valor acima do coxão mole que é encontrada a R$ 13,90 nos supermercados Comper a preços de hoje, sem a promoção.

Outro valor que levanta suspeita de ter sido comprado pela Prefeitura de Campo Grande com valor acima do mercado é o de óleo de soja refinado, que na lista de 17 de janeiro de 2013 aparece com valor de R$ 3,97 pela lata. No Comper, um dos mais populares dos óleos de soja refinados, o Concórdia, está custando R$ 2,29.

Setor de alimentação escolar vem gerando crises em Campo Grande, especialmente agora, sob o governo de Bernal. Neste início de ano, houve o problema crônico da falta de hortifrutis nos Ceinfs (Centros de Educação Infantil), com diretores, professores e pais tendo de fazer “vaquinha” para suprir a deficiência alimentar das crianças. Agora, a qualidade dos alimentos está sendo escancarada, com a descoberta de relatórios internos da Suali apontando a existência de “larvas” no arroz e feijão e carne estragada, “esverdeada”.

Dificuldades quanto ao armazenamento e conservação dos alimentos destinados aos alunos existem há vários anos e chegaram a provocar grave intoxicação alimentar ainda na gestão de Nelsinho Trad (PMDB), quando a salsicha causou mau estar em 180 alunos da Escola Municipal Iracema Maria Vicente, no dia 27 de setembro de 2011.
Na mesma unidade escolar, a Escola Iracema Vicente, que fica no bairro Rita Veira, no dia 19 de abril, ocorreu novo risco de danos à saúde das crianças. A Suali foi informada que “duas vezes alunos da escola encontraram um tipo de larva no arroz”. Para tentar resolver o problema, o arroz foi recolhido e houve a determinação de que as merendeiras passassem a “catar” os grãos diariamente.

Também houve uma ocorrência, na mesma época, na Escola Municipal Ana Lúcia de Oliveira Batista, no bairro Paulo Coelho Machado: cinco pacotes de carne em tiras tinham a cor “esverdeada” e apresentava feição “escura” em algumas partes. E nessa mesma escola, no dia 23 de abril, foram encontrados cinco quilos de feijão com “larvas”. Nesse período, as crianças passaram a pão e mexerica durante a semana inteira.

O problema de mau armazenamento decorre também de compras em excesso, segundo informa uma funcionária da Suali. “O impressionante é que por ocasião dessas reclamações ainda tinha estoque de 4.000 quilos de feijão com prazo de validade até 14 de dezembro de 2013”, informou a servidora, explicando que foi comprado feijão demais, que apresentou caruncho. Parte desse alimentos recolhidos das escolas foram doados entidades e igrejas que preparam sopões para moradores de baixa renda e pessoas que vivem nas ruas de Campo Grande.

 

 

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