Política

Aluguel de jatinho foi usado como prova de encontro entre Lula e Delcídio

Michel Faustino | 04/05/2016 16:03
O senador Delcídio do Amaral e o ex-presidente Lula. (Foto: Arquivo)
O senador Delcídio do Amaral e o ex-presidente Lula. (Foto: Arquivo)

O recibo do fretamento de um voo de jatinho no valor de R$ 17 mil até a cidade de São Paulo teria sido uma das provas consideradas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A informação é de que a aeronave foi fretada pelo senador Delcídio do Amaral (sem partido) para comparecer a uma reunião para decidir sobre a compra do silêncio de Nestor Cerveró, onde o ex-presidente estaria presente.

Na denúncia, o o procurador diz que, conforme o recibo, o avião saiu de Brasília (DF) e voltou a São Paulo no mesmo dia, 08 de maio de 2015. Além de Delcídio, estavam no voo os senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e Edison Lobão (PMDB-MA).

O blog do jornalista Fernando Rodrigues, do Uol, reproduziu uma declarações de Delcídio a jornalistas em que ele narra encontro com o pecuarista sul-mato-grossense José Carlos Bumlai e seu filho, Maurício Bumlai, e em seguida a referida viagem a São Paulo, supostamente para participar do encontro com Lula.

“O que tem de mais grave é a relação [de Lula] com o [José Carlos] Bumlai. Depois que eu conversei com o Maurício Bumlai eu estive no Instituto Lula. Aí começou a desova dos R$ 50 mil de mesada [para Nestor Cerveró].
“Nós fomos a São Paulo para falar com o Lula numa sexta-feira [8.mai.2015]. Eu, Renan [Calheiros] e [Edison] Lobão. Fomos um voo de jatinho da Líder. Cada um dos 3 passageiros pagou a sua parte: R$ 17 mil. Eu paguei a minha. Tenho recibos e passei tudo [para a Procuradoria geral da República]. Eu paguei a minha parte daquele voo. ‘E os outros dois?’, quis saber o delegado. Eu respondi: aí tem de ver com eles.

“Fomos numa sexta-feira porque no dia seguinte eu justamente tinha aquela agenda com a Dilma, no Alvorada. Ela nega, mas eu fui lá. Ela sabe.

“Nós fomos ao Lula naquela sexta-feira porque ele queria montar um gabinete de crise e tínhamos de relatar o que estava se passando. Voltamos bem tarde. E aí aconteceu algo curioso. Tinha uma pessoa no aeroporto, em Brasília, que viu a gente chegar e fez uma foto e publicou num blog qualquer perguntado: o que faziam Delcídio, Renan e Lobão numa sexta-feira à noite?”.

Na apresentação da denúncia contra Lula ao STF, Rodrigo Janot argumentou o seguinte a respeito de o ex-presidente estar envolvido numa operação para “viabilizar a compra do silêncio de Nestor [Cerveró]'' para proteger o pecuarista José Carlos Bumlai:

“A respeito desse fato, há diversos outros elementos, tais como e-mail com comprovante de agendamento da reunião entre Lula e Delcídio no Instituto Lula, no dia 8 de maio de 2015; comprovantes de deslocamento efetivo do senador para São Paulo compatível com esta data; outros documentos que atestam diversas outras reuniões entre Lula e Delcídio no período coincidente às negociatas envolvendo o silêncio de Nestor Cerveró, além de registros de diversas conversas telefônicas mantidas entre Lula e (o pecuarista) José Carlos Bumlai e entre este e Delcídio''.

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