Política

“Minha história não será apagada por um delator”, se defende Zé Teixeira

Zé Teixeira (DEM) afirma que vendas de bois para a JBS foram todas dentro da lei

Anahi Zurutuza e Leonardo Rocha | 18/09/2018 11:51
Deputado estadual Zé Teixeira (DEM) durante sessão na Assembleia Legislativa (Foto: ALMS/Divulgação)
Deputado estadual Zé Teixeira (DEM) durante sessão na Assembleia Legislativa (Foto: ALMS/Divulgação)

Alvo da Operação Vostok e em liberdade desde domingo (16), o deputado estadual José Roberto Teixeira (PDT) esteve na Assembleia Legislativa na manhã desta terça-feira (18) e deu entrevista coletiva para se defender da acusação e fazer parte de esquema de pagamento de propinas pela JBS à políticos. Zé Teixeira disse que é produtor rural há 52 anos e que a vida dele “é um livro aberto”.

“Eu compro e vendo bois, por volta de 28 mil por mês. Minha vida é um livro aberto, se eu tiver culpa a Justiça vai me julgar. Agora, eu acho lamentável mandarem 200 policiais federais de Brasília para prenderem 13 produtores que tem residência fixa em Mato Grosso do Sul”, criticou.

O parlamentar passou 5 dias na cadeia por força de mandado de prisão temporária.

Além de critica a ação da PF (Polícia Federal), Teixeira defende que os investigadores não tinham nada além do que foi dito na delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, sócios da J & F, grupo que administra a rede de frigoríficos JBS, em maio do ano passado.

“Não existe nada de novo. Sobre mim, em 4 anos eu vendi mais de 6 mil cabeças de gado para a JBS tudo declarado no Imposto de Renda. Tenho os atestados de vacina on-line dos bois, nota fiscal Eu recebo uma contranota da JBS de tudo que é vendido, dizendo que receberam os bois e eles me pagam. Esse dinheiro é depositado na minha conta no Bradesco e a partir dali tudo é fiscalizado pela Receita Federal”, disse o deputado.

Teixeira acrescentou que entregou documentos – notas fiscais, atestados da Vigilância Sanitária e extratos bancários – para a PF. “Eu fui preso temporariamente para dizer isso que estou dizendo a vocês”, afirmou na coletiva.

Para justificar o número de abates não corresponder com o total de bois comprados pela JBS, o produtor afirma que o processo pode ser feito em qualquer planta da empresa. “Nós levantamos na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) aqui, eles podem embarcar os bois e matar onde quiserem, dizem que matavam até em Andradina, no interior de São Paulo”.

O deputado terminou a entrevista dizendo que não terá a honra manchada. “Minha história não será apagada por um delator, que saqueou o país, usou dinheiro público para montar cartéis”.

Policiais o gabinete do deputado Zé Teixeira, onde um dos mandados de busca e apreensão foi cumprido no dia 12 (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

Vostok – Na quarta-feira (12), policiais federais e promotores do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), foram às ruas para cumprir 41 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Aquidauana, Dourados, Maracaju, Guia Lopes de Laguna e Trairão, no Pará, além de 14 mandados de prisão temporária.

O foco da operação é um suposto esquema de propinas pela JBS em troca de incentivos fiscais do governo do Estado – quando o Executivo decide deixar de cobrar impostos para estimular que empresa se instale no Estado. Um das formas de lavar o dinheiro, segundo a investigação, era por meio das vendas dos chamados “bois de papel”, que existiam apenas em notas fiscais frias.

Políticos, pecuaristas e empresas do ramo frigorífico foram alvos.

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