Meio Ambiente

Rio Paraguai baixa, mas chuva pode deixar gado sem pasto no Pantanal

Caroline Maldonado | 26/11/2014 11:29
Nível do Rio Paraguai, que em 25 de novembro de 2013 esteve 1,05 metro acima do normal, em Corumbá, até ontem (25) esteve em 2,9 metros (Foto: Divulgação/Ecoa)
Nível do Rio Paraguai, que em 25 de novembro de 2013 esteve 1,05 metro acima do normal, em Corumbá, até ontem (25) esteve em 2,9 metros (Foto: Divulgação/Ecoa)

O Rio Paraguai está baixando ao poucos, mas o nível continua acima do registrado no mesmo período do ano passado, tanto em Porto Murtinho como em Corumbá e Ladário, na região do Pantanal, a 419 quilômetros de Campo Grande.

Pecuaristas que mantiveram o gado na parte alta, quando as águas chegaram a 4,62 metros acima do nível normal, já transportam os rebanhos para as regiões baixas, conhecidas com Jacadigo e Nabileque. Mas com o rio 2,9 metros acima do normal, os produtores se preocupam com a possibilidades das chuvas continuarem.

Mesmo com água, o pasto cresce na região baixa e o gado pode se alimentar, segundo o presidente do Sindicato Rural, Luciano Leite. “Não tem mais pasto na parte alta e na parte baixa tem lamina de 20 centímetros que dá para aproveitar, mesmo com a área alagada. O problema é que com a chuva ainda tem muita água e o pessoal que está voltando com o gado para a parte baixa vai ficar prejudicado se chover mais”, explica.

Caso as chuvas continuem e não tenha condições de manter o gado na região alagada, os produtores não têm opção de levar o gado de volta as áreas altas, porque lá não há mais pasto. Com isso, o jeito seria comercializar o pasto, o que aumenta os custos.

“Se continuar chovendo demais, aí os produtores terão que tirar o gado do Pantanal e levar para regiões como Bodoquena e Aquidauana. Aí é prejuízo para os pecuaristas”, diz o presidente da entidade, ao contar que na semana passada houve na planície, pelo menos, três dias com chuva de até 100 milímetros e ontem e hoje (26) a chuva continua.

Previsão - Segundo a metereologista da Embrapa Pantanal, Balbina Soreano, está prevista mais chuva até o fim do mês. “Esse mês está chovendo mais do que o mesmo período no anos anteriores. Nos dias 19 e 20 desse mês choveu 117 milímetros, que é mais de 60% do esperado para novembro”, conta a metereologista, ao lembrar que é possível que chova mais que o esperado para novembro em Corumbá, que é 144 milímetos.

O motivo do excedente de chuva nesse mês, de acordo com a metereologista, é um sistema de baixa pressão sobre a região associado a vinda de umidade da amazônia. “Esse sistema de baixa pressão causa o aumento de nebulosidade na região. Além disso, temos a vinda de umidade relativa da amazônia. O encontro dos dois sistemas causam as chuvas”, explica.

Em dezembro, o nível de chuvas deve ser normalizado, conforme a pesquisadora. A média de chuva para o mês de dezembro para Corumbá é de 154 milímetros e em janeiro de 207 milímetros. “A partir de dezembro, a previão é que fique dentro da média histórica”, afirma.

Cheia - O nível do Rio Paraguai, que em 25 de novembro de 2013 esteve 1,05 metro acima do normal, em Corumbá, até ontem (25) esteve em 2,9 metros, conforme o Serviço de Sinalização Naútica do Oeste da Marinha do Brasil, que acompanha o nível todos os dias. A situação é pior em Porto Murtinho, onde o nível está 5,52 metros acima do normal. No ano passado, foram registrados 2,88 metros, uma diferença de 2,64 metros.

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