Meio Ambiente

Prefeitura da Capital inicia debate para reduzir sacolas em supermercados

Wendell Reis | 03/02/2012 18:55
Prefeitura vai seguir acordo nacional e reduzir 70% do uso de sacolas(Foto:Wendell Reis)
Prefeitura vai seguir acordo nacional e reduzir 70% do uso de sacolas(Foto:Wendell Reis)

A Prefeitura Municipal de Campo Grande iniciou nesta quinta-feira (3) um debate sobre o uso sustentável de sacolas nos supermercados. A discussão tem o objetivo de atender uma política nacional, feita pelo Ministério do Meio Ambiente, que em 2009, junto com a Associação Nacional de Supermercados, estabeleceu a redução de 70% das sacolas até 2015.

O secretário de Meio Ambiente, Marcos Cristaldo, afirma que não vai proibir imediatamente o uso das sacolas, mas o debate é realizado para atender ao acordo firmado nacionalmente. Ele ressalta que em 2009, quando a meta foi estabelecida, a Prefeitura não fazia coleta seletiva,, o que já foi implantado.

O secretário explica que alguns supermercados já eliminaram o uso de sacolas, mas a discussão também é importante para saber se ações serão feitas de maneira individual, pelos donos de estabelecimentos comerciais, ou em conjunto. Questionado sobre a responsabilidade dos empresários, que não utilizam produtos recicláveis nas embalagens de arroz ou feijão, a exemplo, Cristaldo explica que pela política nacional há uma responsabilidade compartilhada, entre o fabricante, comerciante, órgão público e o consumidor.

A educadora ambiental, Mara Calvis, explica que o problema é de conscientização. Ela lembra que antigamente as pessoas se viravam com as sacolas de papel e carrinho de feira. Após isso, vieram as sacolas de plástico, que ajudou as pessoas, recebendo um produto de graça e que evita gastos com sacos de lixo. Ela avalia que o caminho para a redução é a conscientização, que não foi feita quando as sacolas começaram a circular.

O representante de uma empresa que fabrica sacolas, Alex Machado, é contra a retirada das sacolas dos mercados. Ele avalia que existe interesse econômico e muitos se aproveitam da questão ambiental para lesar o consumidor. “Hoje ele ganha o produto gratuitamente e pode pagar cinco vezes mais”. O empresário avalia que quem vende sacos de lixo e fabrica sacolas retornáveis vai ganhar muito dinheiro. Além disso, lembra que a maioria das sacolas é fabricada com algodão, que utiliza muito mais recursos ambientais para sua produção. “Nem sempre é melhor mudar”, avalia.

O empresário José Gilberto Fernandes, dono de uma rede de supermercados, explica que já realiza um treinamento com os funcionários e o operador que faz o pacote reduz a quantidade de sacolas distribuidas. Após a adoção dos empacotadores, o uso das sacolas foi reduzido em 22%. A representante de um supermercado que deixou de distribuir sacolas em Campo Grande revela que quando fez a mudança a empresa enfrentou resistência e perdeu muitos clientes. Entretanto, com o passar dos anos, as pessoas entenderam a importância de pensar em sustentabilidade.

A representante do Sindicato da Indústria de Material Plástico de Mato Grosso do Sul, Ligia Machado, também avalia que a questão é cultural. Ela lembra que as sacolas podem criar subprodutos e avalia que as mudanças podem significar simplesmente uma transferência de valores, já que outras pessoas vão lucrar.

Entre os pontos de vista defendidos durante a discussão, está o de que não tem lixo na rua porque há sacolas e que há poucos estudos sobre o impacto das sacolas retornáveis. Para começar a pensar na redução, Cristaldo solicitou que os empresários informem o número de sacolas que circulam na Capital. Porém, revelou que 90% destas sacolas não são recicladas e vão parar no lixão.

Durante a discussão foram apresentadas alternativas como a fixação de cartazes orientando o uso consciente de sacolas, redução de impostos para quem diminuir o uso de sacolas e encarecimento das sacolas menores, que acabam não sendo recicladas. A solução seria aumentar o preço das sacolas menores, já que hoje a diferença entre a grande e a pequena é mínima, sendo três centavos a sacola menor e quatro centavos a maior. A ideia de fazer uma dia sem sacolas foi rechaçada por um dos fabricantes. Ele avalia que a solução não é demonizar o uso das sacolas, mas estimular o uso consciente.

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