Meio Ambiente

Plano prevê ações para evitar extinção de aves do Cerrado e Pantanal

Viviane Oliveira e Aline dos Santos | 27/05/2014 09:08
O papagaio por interagir e imitar a fala humana é a espécie mais procurada no Estado pelos traficantes. (Foto: Marcos Ermínio)
O papagaio por interagir e imitar a fala humana é a espécie mais procurada no Estado pelos traficantes. (Foto: Marcos Ermínio)

O PAN (Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves do Cerrado e do Pantanal) foi elaborado para preservar 53 espécies que correm o risco de serem extintas. A portaria que instituiu o plano entrou em vigor em março deste ano com a publicação no Diário Oficial da União. Só no Pantanal, são 23 espécies na lista das aves ameaçadas, entre elas estão a arara-azul, ema e o periquito da serra. O desafio, agora, é colocar as ações em prática, enfrentando problemas como o tráfico de animais.

Biólogo e um dos pesquisadores da Embrapa Pantanal, Alessandro Pacheco Nunes, explica que no plano são enumerados os tipos de ameaças, grau, medidas para reduzir o risco e perspectiva, ao longo de cinco anos, para implantação das ações de conservação. “Uma vez por ano um comitê participativo se reúne para avaliar as medidas que estão sendo tomadas e se o plano está sendo efetivo na conservação das espécies”, diz.

Desta forma, o Plano de Ação Nacional vem sendo implantado no Brasil toda vez que a lista de espécies em extinção é atualizada, de cada quatro ou cinco anos. No Pantanal, segundo Alessandro, já foram catalogados mais de 550 tipos de aves e no Cerrado são mais de 850, sendo cerca de 50 exclusivas do bioma cerrado.

O desmatamento, principalmente no Cerrado onde há uma grande perda de habitat, se tornou uma bomba-relógio para o futuro das aves. “Duas espécies do Pantanal, o Periquito tiriba-fogo e a tiriba-de-cara-suja, por exemplo, estão ameaçadas pelo desmatamento e perda de habitat”, destaca. Ele ressalta ainda, que há um plano específico de combate a extinção de papagaios, araras e periquitos.

A bióloga e consultora ambiental Sílvia Gervásio alerta que o combate ao desmatamento é o único jeito para frear o processo de extinção não só das aves, como dos animais em geral. “Precisam ser implantados corredores ecológicos e áreas protegidas por lei devem ser conservadas”, explica.

Filhotes de papagaio apreendidos pela PMA. (Foto: divulgação)
Ave conhecida por cacatua apreendida com traficantes pela PF em 2011. (Foto: divulgação PF)

O projeto de um corredor ecológico permite o trânsito de espécies entre as matas interligadas. “O cerrado virou pasto, plantação de soja e de eucalipto, virou terra fértil e se tornou fronteira agrícola”, diz. Ela acrescenta ainda, que quanto mais desmatamento menos habitat.

Tráfico de aves - Do outro lado neste desafio estão problemas como o tráfico de aves. O papagaio, por exemplo, por interagir e imitar a fala humana é a espécie mais procurada no Estado pelos traficantes.

O comércio ilegal aumenta no período de reprodução da ave, que vai de setembro a dezembro. Em Mato Grosso do Sul, as regiões mais críticas são os municípios de Jateí, Batayporã, Bataguassu, Ivinhema, Novo Horizonte do Sul, Anaurilândia, Santa Rita do Pardo, Nova Andradina e Brasilândia, além de Naviraí e Mundo Novo.

Outra vítima do tráfico é a arara-azul, que tem grande valor de mercado. “A pessoa, mesmo aquela que gosta de pássaros, precisa entender que criar ou comercializar animais silvestres sem autorização é crime ambiental”, alerta Silvia.

De acordo com o major da PMA (Polícia Militar Ambiental), Ednilson Paulino Queiroz, no ano passado foram 1837 aves apreendias com traficantes, 281 a mais que em 2012. “Várias espécies levadas para o Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) estão na lista de aves em extinção, como a arara-azul”, diz o major.

A arara-azul está na lista de aves ameaçadas de extinção. (Foto: Cleber Gellio)
A ave, também, é muito procurada por traficantes. (Foto: Cleber Gellio)
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