Meio Ambiente

Pesca do dourado pode ser liberada em 2027 e só após estudos técnicos

Governo do Estado espera que discussão seja realizada pelo Legislativo; deputados já falam em prorrogar prazo

Por Gabriela Couto | 22/02/2025 09:34
Pesca do dourado pode ser liberada em 2027 e só após estudos técnicos
Cardume de dourados em tanque do Bioparque Pantanal (Foto: Bioparque)

Durante a audiência pública realizada na tarde desta sexta-feira (21), o secretário adjunto da Semadesc (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Artur Falcette, explicou que a pesquisa que vai definir se será liberada a pesca do dourado precisa de ao menos dois anos para ser realizada. 

RESUMO

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Durante audiência pública, o secretário-adjunto da Semadesc, Artur Falcette, afirmou que a pesquisa para liberar a pesca do dourado em Mato Grosso do Sul precisa de dois anos, adiando a decisão para 2027. A pesca está proibida desde 2019, e a prorrogação depende dos deputados estaduais. O estudo, que ainda não começou, visa confirmar o equilíbrio da espécie nos rios. O governo aguarda firmar convênio com instituições de pesquisa. A decisão final sobre a continuidade da proibição cabe ao Legislativo, que deve discutir o tema em breve.

Ou seja, para conseguir uma quantidade de dados suficientes que confirmem que a espécie voltou a estar presente de forma equilibrada nos rios de Mato Grosso do Sul, o estudo só será concluído em 2027. Vale lembrar que a pesca do dourado está proibida há seis anos.

O pedido de tempo feito por Falcette, no entanto, depende das decisões dos deputados estaduais, que criaram a lei da cota zero para esses indivíduos.

“Vou pedir licença, é uma observação, não uma crítica. O prazo que foi estipulado para que o governo do Estado realizasse o estudo científico não é exequível do ponto de vista técnico. Vocês podem consultar a Embrapa, as nossas universidades federais, a universidade estadual. Não é possível dimensionar o que se propõe no estudo dentro do prazo que foi estabelecido e nos foi comunicado. Não foi discutido, nem negociado com o governo do Estado”, afirmou Falcette.

Secretário adjunto da Semadesc, Artur Falcette, durante audiência pública na Assembleia Legislativa realizada nesta sexta-feira (21) (Foto: Wagner Guimarães)

Entenda - A espécie estava na lista de proibições desde janeiro de 2019, após um projeto de lei do então deputado estadual Beto Pereira (PSDB). A suspensão venceu em janeiro do ano passado. 

Os deputados estaduais então votaram um novo texto, do então deputado estadual João César Mattogrosso (PSDB), que teve como coautores Marcio Fernandes (MDB) e Jamilson Name (PSDB), propondo a prorrogação do prazo por mais cinco anos, ou seja, até 1º de janeiro de 2029.

Na ocasião, a Casa de Leis chegou a aprovar o projeto em primeira votação, mas, após entendimento entre os parlamentares, decidiu-se aguardar o respaldo da ciência. A ideia era que um estudo fosse realizado até 28 de fevereiro de 2025, quando acaba a piracema, ou seja, na próxima sexta-feira.

No entanto, o Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) ainda não assinou o convênio com as instituições de pesquisa para realizar o trabalho até o momento.

Pescadores devolvendo exemplar de dourado em rio de MS (Foto: Edemir Rodrigues / SecomMS)

Em julho do ano passado, foi publicado um chamamento público para empresas interessadas no serviço, no valor de R$ 110 mil, mas o prazo de realização era de setembro de 2024 a agosto de 2025. Nenhuma empresa se interessou, e o Estado aguarda firmar um convênio com a Embrapa ou com as universidades para que a pesquisa finalmente seja realizada.

De toda forma, os deputados foram informados pelo representante do governo do Estado, ontem, de que terão que decidir nos próximos dias se a proibição continua. 

“Esse é um projeto do Legislativo. Foi discutido na Casa, com as prerrogativas da Casa. Não é um projeto de iniciativa do Executivo, não é um projeto do governo do Estado. O governo do Estado não está liberando nem deixando de liberar. A gente espera que, de alguma forma, a Casa faça a discussão sobre o dourado e decida o que entender”, pontuou Falcette.

Importante ressaltar que o dourado está na lista das 13 espécies que integram o projeto de lei do deputado estadual Roberto Razuk (PL), que está tramitando na Assembleia Legislativa. O objetivo é vedar o transporte, o armazenamento e a comercialização dos peixes mencionados no texto até 1º de janeiro de 2030.

Deputado estadual Neno Razuk (PL), autor do projeto de lei que proíbe captura de 13 espécies nos rios de MS até 2030 (Foto: Wagner Guimarães)

Próximos passos - Neno já apresentou um requerimento ao governo do Estado, nesta semana, pedindo a prorrogação da cota zero para a pesca de dourados. O pedido foi enviado ao governador Eduardo Riedel (PSDB) e ao Imasul (Instituto de Meio Ambiente de MS), solicitando providências devido à proximidade do fim do prazo da lei em vigor, que proíbe a captura da espécie até 31 de março de 2025.

Mas, como o próprio secretário adjunto da Semadesc informou, a decisão precisa partir do Legislativo. A reportagem conversou com os deputados que foram coautores da proposta no ano passado. Apenas Marcio Fernandes respondeu.

De acordo com ele, a conversa com os colegas de parlamento deve ocorrer nos próximos dias para confirmar a prorrogação. “Irei reapresentar e chamar os demais deputados para assinarem junto a prorrogação por mais um ano. O que não podemos permitir é liberar a pesca antes da finalização do estudo por parte do governo”, disse o emedebista.

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