Meio Ambiente

Peixes agonizam na lama de baía seca na Serra do Amolar

No ano passado, o local foi um dos mais atingidos pelas queimadas que devastaram quase 30% do bioma pantaneiro

Lucia Morel | 19/10/2021 14:48


Mortandade de peixes com a seca que afeta o Pantanal, mesmo sem incêndios generalizados como no ano passado, choca quem vê. Cinegrafista e biólogo, Luiz Felipe Mendez fez imagens que fazem doer o coração. Peixes agonizando na lama na baía da reserva Eliezer Batista, na Serra do Amolar.

No ano passado, o local foi dos mais atingidos pelas queimadas e apesar do entorno ter vegetação em recuperação, a vida animal não se recupera da mesma forma, nem na mesma velocidade, já que o ritmo da fauna é bem diferente da flora.

Estima-se que pelo menos 17 milhões de animais vertebrados tenham morrido com o fogo em 2020, segundo levantamento da Embrapa Pantanal com apoio da WWF-Brasil. O número deve ser bem maior ao levar-se em conta o que a seca está fazendo este ano.

Ao fundo, baía da RPPN cheia de água. (Foto: Luiz Felipe Mendez)
Ao fundo, baía da RPPN cheia de água. (Foto: Luiz Felipe Mendez)

“Eu estive lá em 2018 e fiz fotos das baías cheias e agora, está vazia. Pra quem conhece o Pantanal pleno, é impactante ver a vida perdida, a água, o quanto diminuiu e muitas carcaças de bichos, jacarés, é chocante”, lamentou o biólogo.

As imagens são em baía da RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Eliezer Batista, na Serra do Amolar, espaço que é gerido e cuidado pelo IHP (Instituto Homem Pantaneiro).

Ele prestava serviço a uma TV franco-alemã, que realiza documentário sobre mudanças climáticas, a Arte.TV e pôde ver de perto os problemas. “Com as mudanças, a seca se torna cada vez mais comum e irreversível. A seca avança e vira uma bola de neve. A vegetação se recupera de uma certa forma, mas os animais, os peixes, não. É um dano incalculável”.

Baía da RPPN seca. (Foto: Reprodução vídeo)

O biólogo, inclusive, enviou imagens do antes, que mostram o mesmo local cheio de água e vegetação viva. 

Nos dias em que fez as imagens, em 24 de setembro, ele conta que o Pantanal enfrentava cerca de 70 dias sem chuvas e temperaturas muito altas, em torno de 40ºC, mas “o solo ficava em cerca de 60ºC a 70ºC. É muito quente e seca ainda mais a água”, afirma.

Sobre as mortes de 17 milhões de animais, a estimativa foi feita por um grupo de 30 cientistas de diferentes instituições, em um estudo inédito coordenado pelo pesquisador Walfrido Moraes Tomas, da Embrapa Pantanal.

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