Meio Ambiente

Morada das araras, árvore da vida se espalha pelas águas da cidade

Aline dos Santos | 21/09/2016 10:04
Parque Anhanduí é um dos lares dos buritis em Campo Grande. (Foto: Emerson Diniz)
Parque Anhanduí é um dos lares dos buritis em Campo Grande. (Foto: Emerson Diniz)

“E como cada vereda, quando beirávamos, por seu resfriado, acenava para a gente um fino sossego sem notícia – todo buritizal e florestal: ramagem e amar em água.” (Guimarães Rosa)

Ainda que o colorido roube todas as atenções para os ipês, o buriti é árvore da vida que trabalha discreta nos olhos d’água que correm por Campo Grande. “Os índios a reverenciam como árvore da vida. Porque onde ela se encontra, tem proliferação da vida. Muitas espécies dependem dela”, afirma o biólogo e doutor em Ecologia, José Milton Longo.

O buriti é figura presente nos fundos de vale, áreas úmidas e com água de boa qualidade. Além de atenuar as enchentes, a árvore é um atrativo para a fauna. A relação mais próxima é com as araras, que se fartam do nutritivo e adocicado fruto.

“Tem uma identificação com a espécie. Tem a ararinha do buriti, pouco maior do que a maritaca”, conta o biólogo. Contudo, por motivo de local para o ninho, as araras também matam a árvore, mas com o cuidado de reciclar um mesmo tronco a cada ciclo de reprodução.

Quando cai, a folha da palmeira abrigo para aves. Já o fruto, quando chega o chão, alimenta animais como pacas e capivaras.

Outra particularidade da árvore, cujo nome oficial é Mauritia flexuosa, é ser macho e fêmea. Nos buritizais, uma planta mãe se espalha. Cada árvore pode chegar a 35 metros. Em Campo Grande, há buritizais espalhados por áreas de nascente.

Um exemplo é o Parque Anhanduí, que envolve o principal curso d’água da Capital e protege a vereda na região mais populosa da cidade. A palmeira tem uso nas áreas de saúde, alimentação, habitação e artesanato.

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