Meio Ambiente

Família denuncia barulho "insuportável" de empresa de reciclagem

A portas e janelas fechadas, moradores reclamam que ruído afeta a saúde e já foram à Justiça contra a empresa no Tijuca II

Ronie Cruz | 07/08/2019 13:31
Gilson Gleber Corrêa Ávila tranca portas e janelas e não consegue ficar do lado de fora de casa (Foto: Ronie Cruz)
Gilson Gleber Corrêa Ávila tranca portas e janelas e não consegue ficar do lado de fora de casa (Foto: Ronie Cruz)

O ruído provocado por uma empresa de material reciclável virou motivo de incômodo para moradores de uma casa vizinha ao estabelecimento no bairro Jardim Tijuca II. A família chega a se trancar dentro de casa para tentar fugir do barulho provocado pelas máquinas que fazem o processamento do material a poucos metros no terreno vizinho.

Gilson Gleber Corrêa Ávila, 45, diz que já faz pelo menos um ano que ele, a mulher e os dois filhos de 8 e 11 anos convivem com a situação. Afastado do trabalho por conta de uma depressão, o motorista que prefere passar o dia na rua do que em casa. O barulho das máquinas tira o sossego da família das 7h às 18h, de segunda à sábado, conforme Corrêa.

“Tem uma máquina de 3,5 mil kg socando o solo o dia inteiro. É insuportável. Jogam latas do nada parece uma cachoeira. A empresa faz como se não incomodasse. Eu fico frustrado e não recebo ninguém em casa e quando elas vem, reclamam. Nem meus filhos conseguem se concentrar na hora de fazer tarefa da escola”, contou.

O morador chegou a fazer um boletim de ocorrência na segunda-feira (5) contra a empresa por conta do ruído provocado pelo processamento do material. De acordo com o registro policial, um equipamento foi instalado bem próximo da divisa dos terrenos que gera grande ruído.

“Eu passo muita raiva aqui em casa. Muito estresse aqui. Esse barulho abalou tudo a estrutura do nosso muro. Tem dia que a gente está na cama ou no sofá e parece que vão cair as coisas”, reclama a mulher Stephanie dos Santos de Lima, 31.

O galpão da empresa que é aberto fica colado no muro da casa, a poucos metros da parede da sala de estar. Mas a vibração é sentida até no solo. 

Veja e ouça:

Gilson também denunciou o caso quatro vezes à Semadur (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano) e ao MP-MS (Ministério Público Estadual). A família diz que foi orientada a procurar a Defensoria Pública Estadual e entrou com ação na Justiça contra a empresa de processamento de materiais recicláveis. Uma audiência foi marcada para a próxima semana.

A empresa chegou a ser notificada e multada após denúncias na Semadur. Corrêa reclama, porém, que o problema persiste e por isso ele procurou a polícia para denunciar o caso. “Desde 2009 tomo remédio controlado para a depressão. E esse estresse só piorou o meu problema”, contou. Ele afirma precisar tomar calmantes para lidar com o estresse.

Outro lado - Ao Campo Grande News, o proprietário da MVS Reciclagem, Moacir Vagner de Souza Silva, 37, disse que a empresa tem tomado todas as medidas para resolver o conflito com o vizinho desde que as reclamações começaram.

“A gente trocou a prensa de lugar. Eu estou até ligando ela com menos frequência. Já afetou minha produção, inclusive. Tenho a licença de operação e estamos no processo para obter a licença ambiental. Mas todas as adequações requisitadas pela Semadur foram feitas. Acho que já está partindo para o lado pessoal”, afirmou.

Souza disse que vai mudar a empresa de endereço, mas ainda não tem previsão.

Proprietário da empresa diz que reduziu uso de uma das máquinas para gerar menos ruído (Foto: Ronie Cruz)
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