Meio Ambiente

Faltam lixeiras, mas principalmente educação nas ruas da cidade

Até poderiam ter mais coletores na Capital, mas muita gente prefere jogar lixo no chão mesmo

Anahi Gurgel | 18/11/2017 09:42
Sacola de plástico jogada no chão, a alguns metros de uma lixeira, instalada na Rua 14 de Julho. (Foto: André Bittar)
Sacola de plástico jogada no chão, a alguns metros de uma lixeira, instalada na Rua 14 de Julho. (Foto: André Bittar)

Papel amassado, latinhas, copos e garrafas de plástico, restos de comida no chão. O número de recipientes para coleta de resíduos em Campo Grande até pode ser insuficiente para tantas embalagens usadas, segundo reclamam moradores, mas o que falta mesmo é respeito e educação: se não há lixeira perto, muita gente prefere jogar o lixo no chão.

Na região central da cidade, não são inúmeras, mas existem, sim, lixeiras à disposição de quem passa pela Praça do Rádio Clube, por exemplo. Em alguns trechos, as estruturas estão com pinturas descascadas, furos na parte de baixo ou completamente arrancadas da base, mas em outros, os pedestres têm até opção de separar os resíduos entre orgânico e reciclável. 

Na ausência de coletores, segurar a sujeira até achar um local adequado para seu descarte vira uma missão de paciência, ou melhor, consciência. 

“Eu acho que tem pouca lixeira na cidade e as que tem, estão quebradas. Em muitos lugares, os vândalos chutam, picham, quebram e a lixeira perde sua função. Quem não quer guardar o lixo até achar outra, joga no chão mesmo. Isso é muito comum”, percebe o segurança Edson Barretos, 37.

Em momento de descuido, garoto descarta garrafa pet em calçada, em Campo Grande. (Foto: André Bittar)

Na Avenida Afonso Pena, na esquina com a Rua 14 de Julho, também estão instaladas lixeiras com coleta seletiva e, mesmo assim, todo tipo de lixo pode ser visto nas calçadas e meio fio ao redor.

“Falta lixeira, sim, para as pessoas terem onde jogar o lixo na hora. Se fica muito longe, o lixo acaba indo pra rua mesmo. Falta, principalmente, educação em muita gente”, acredita o vendedor ambulante Bruno Marcos, 26.

Ele ainda sugere a instalação de tonéis ou caixas com areia para as bitucas de cigarro, que são encontradas aos montes no chão.

“As pessoas precisam ser mais conscientes. Jogar lixo no chão é um desrespeito. Cada um tem que fazer a sua parte para manter a cidade limpa”, disse o operador de caixa Thallis Gabriel Santos Correia, 19.

Estrutura instalada na Avenida Afonso Pena, onde lixeira foi completamente arrancada. (Foto: André Bittar)

Falta de educação - Essa atitude, para Aurimar da Costa Lima Filho, 29, chefe de divisão de saneamento ambiental da Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano), realmente retrata a falta de consciência e educação ambiental das pessoas. 

"Muitos não têm ideia da consequência desse ato. Se não encontram uma lixeira, por que não levar para casa? Preferem jogar lixo no chão e isso pode provocar entupimento da rede de água, enchentes; um prejuízo enorme para a natureza. Fazemos parte dela, esses problemas se voltam contra nós", afirma Aurimar, que é engenheiro sanitarista, ambiental e civil.

"A educação ambiental está sendo muito mais difundida atualmente, percebo avanços, mas mudar o comportamento das pessoas é um processo demorado", avalia. 

Ações e projetos estão sendo desenvolvidos pela agência, que está elaborando o Plano de Coleta Seletiva com ações e metas à Capital para os próximos 20 anos.

“Queremos ampliar as modalidades da coleta e os locais de entrega voluntária, além de expandir para condomínios e instalar lixeiras com segregação binária, para depósito de resíduos secos e orgânicos", adiantou.

Manutenção - À assessoria da prefeitura, foi questionado também sobre o número de lixeiras instaladas na cidade, sua manutenção e parcerias público-privadas, mas em relação ao assunto não houve retorno até o fechamento desta reportagem.

Lixeira de pneu instalada na Orla Morena. "Antivandalismo". (Foto: André Bittar)
Escada feita de pneu também criada por Jenildo para segurar erosão. (Foto: André Bittar)

"Lixo? Que lixo?” - É com essa indagação que Jenildo Lima Andrade, 39, que trabalha com manutenção elétrica e hidráulica de residências, descreve seu “hobby” de transformar pneus usados em lixeiras.

“Defendo que não existe lixo, e sim resíduos, que podem ser reciclados e transformados em outros objetos, com outras funções”, afirma.

Há cerca de 1 ano e meio, ele doou à prefeitura cinco lixeiras ecológicas para serem instaladas na Orla Morena. Elas são fabricadas sempre quando troca os pneus de seu próprio carro. “Não pode estar com arame aparecendo. Se estiver muito careca, corto a borracha e monto a estrutura usando somente as bordas”, explica.

Além de depositarem lixo - ops, resíduos - elas enfeitam as pistas de caminhada, de patins e skate, e podem ser consideradas “antivandalismo”, pois não quebram e são pesadas, o que dificulta roubos e furtos.

“Muitas lixeiras de plástico estão quebradas, mas essas são bem mais resistentes. Muito legal essa ideia”, comenta o estudante Júlio César Francisco de Oliveira Filho, 16.

Os pneus também serviram para Jenildo montar uma escada, próximo à academia ao ar livre, que serve para evitar a erosão das áreas mais elevadas.

Lixeiras com coleta seletiva na esquina da Avenida Afonso Pena com a Rua 14 de Julho. (Foto: André Bittar)
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