Meio Ambiente

Empresas de turismo minimizam impacto de erosão no Salobra

Problema foi identificado por imagens de satélite, sobrevoo e verificação no local, situado em Bodoquena

Jones Mário | 28/06/2019 13:10
Leito seco carrega sedimentos pela força da água das chuvas ao Rio Salobra (Foto: Divulgação/IHP)
Leito seco carrega sedimentos pela força da água das chuvas ao Rio Salobra (Foto: Divulgação/IHP)

O IDB (Instituto de Desenvolvimento de Bonito), que representa dezenas de empresas ligadas ao turismo, diz que a erosão identificada pelo IHP (Instituto Homem Pantaneiro) na região do Rio Salobra não ameaça a cidade, seus atrativos turísticos ou mesmo a cachoeira Boca da Onça, localizada em Bodoquena.

Em nota, o IDB alega que o processo erosivo fica em propriedade “bastante distante da nascente do Rio Salobra”. A entidade defende ainda que o leito seco detectado pelo IHP é “um canal de drenagem temporário ou intermitente e que deverá ser objeto de investigação e vistoria nos próximos dias pelos órgãos competentes”. O Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) já havia adiantado que examina a situação do local.

O problema foi identificado pelo IHP por imagens de satélite, sobrevoo e verificação no local, situado em Bodoquena, próximo aos limites com Bonito e Porto Murtinho. Os processos erosivos ficam em curso d’água à montante do Rio Salobra. O leito seco oferece perigo, já que serve de canal para carreamento de sedimentos pela força da água das chuvas, causando aumento da turbidez e posterior assoreamento.

O biólogo e coordenador de monitoramento do IHP, Sérgio Eduardo Barreto, assegura que o leito seco não é um dreno temporário. “É um processo erosivo que formou um canal que influencia diretamente o Salobra durante o período chuvoso”, reforça.

Ainda segundo Barreto, há várias hipóteses que podem explicar o dano ambiental. Possível desvio da nascente do Salobra é uma delas, mas novas campanhas serão realizadas a fim de identificar a causa.

 

Problema está instalado na região há décadas, dizem moradores (Foto: Divulgação/IHP)

O IHP também emitiu nota, na qual ressalta que, segundo moradores locais, o problema está instalado na região há décadas. A organização garante que as observações visam proteger os recursos e processos naturais e que sua postura e posicionamento são sempre amparados por pareceres técnicos e análises detalhadas.

Ainda conforme o IHP, questionar a veracidade das informações prestadas pela entidade “é negar a realidade de fatos incontestáveis”.

Serra da Bodoquena - A região banhada pelo Salobra tem potencial turístico que passou a ser melhor explorado recentemente, com parques e refúgios às margens do rio, na Serra da Bodoquena. As cachoeiras são as grandes atrações, das quais a Boca da Onça é a principal, com 156 metros de altura. O local ainda é propício para prática de trilhas e rapel.

Por sua vez, Bonito é o principal destino do complexo turístico do Parque Nacional da Serra da Bodoquena. Conforme relatório anual do Oteb (Observatório do Turismo e Eventos de Bonito), o município recebeu pelo menos 200 mil visitantes em 2018.

Em novembro do ano passado, o Rio da Prata foi tomado por lama, o que levantou alerta sobre o perigo das águas turvas para o município cartão-postal do Estado. Os proprietários responsáveis foram autuados pela PMA (Polícia Militar Ambiental) e notificados pelo Imasul por não terem construído curvas de nível durante o manejo do solo para plantio de soja. A falta das barreiras foram apontadas como possíveis causadoras do carreamento de sedimentos que sujaram as águas do rio.

Já em 2016, a PMA (Polícia Militar Ambiental) descobriu 46 quilômetros de drenos para secar o brejão do Rio da Prata, área úmida no limite entre Bonito e Jardim composta por pequenas nascentes e que tem solos férteis atrativos à agricultura. O proprietário foi multado e os drenos chegaram a ser fechados, mas voltaram à atividade e provocaram polêmica sobre os prejuízos ambientais.

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