Meio Ambiente

Empresa de Dourados quer abrir 1º aterro industrial de Campo Grande

Projeto já está pronto e será discutido em audiência pública promovida pela Planurb nesta quinta-feira (5)

Izabela Sanchez | 05/12/2019 10:25
Fotografia por satélite mostra área, na Fazenda, onde as atividades do aterro serão distribuídas (Foto: Reprodução)
Fotografia por satélite mostra área, na Fazenda, onde as atividades do aterro serão distribuídas (Foto: Reprodução)

Dourados, a 233 km de Campo Grande, já tem um aterro para o chamado lixo industrial, mas Campo Grande não. Responsável pelo projeto na cidade que é polo da região sul, Marcos Duarte, engenheiro sanitarista sócio da OCA Ambiental, quer fazer o mesmo aqui.

O projeto, que já está desenhado e já foi apresentado à Prefeitura, será discutido em audiência pública promovida pela Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano) nesta quinta-feira (5). A ideia é dar local com mais estrutura para que as empresas destinem os resíduos que descartam.

O aterro abrange diversos tipos de lixo, incluindo os chamados lixos pesados e os resíduos das unidades de saúde, que também são perigosos e pedem descarte específico. A ideia é construir o aterro na Fazenda Colorado, região de Campo Grande, com acesso pela MS-040, no km 30. A estrutura vai ocupar, se seguir o desenho inicial, 48 hectares.

Estrutura – Segundo o EIA (Estudo de Impacto Ambiental) o espaço terá área para resíduos sólidos urbanos e domiciliares classe II A, que são considerados não perigosos. Para esse tipo, o local pode receber até 80 toneladas por dia. A ideia é, também, contemplar resíduos de serviços de saúde considerados perigosos, acima de 30 toneladas e até 60 toneladas por dia.

Para os resíduos industriais, classe II e classe I, de cada um a empresa pode receber até 80 toneladas por dia. O projeto ainda prevê usina de triagem e processamento de resíduos sólidos urbanos com capacidade 10 toneladas por dia e transformação pelo processo de compostagem.

A OCA Ambiental ainda quer distribuir ecopontos para óleo vegetal usado, baterias, lâmpadas, resíduos tecnológicos, estação de transbordo e depósito de recicláveis ou sucata, lixo “não perigoso”.

Imagem mostra fazenda que pode receber o 1º aterro industrial de Campo Grande (Imagem: Reprodução)

E o meio ambiente – No relatório não é possível identificar explicações sobre os danos ambientais da implantação desse projeto na fazenda. O EIA afirma que, no aterro, parte dos resíduos considerados perigosos vai para a trincheira classe I, “onde ficam em ambiente devidamente coberto, evitando a contaminação do solo e lençol freático”.

“A outra parte dos resíduos classe I (com alto poder calorífico) são encaminhados para a blendagem e são vendidos como fonte de energia (combustão) para outros processos produtivos. A blendagem contribui para o aumento da vida útil das trincheiras classe I, reduzindo a ocupação do solo e gerando renda”, promete o estudo.

Procurada, a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) respondeu, por meio da assessoria de imprensa, que "esta é apenas uma das primeiras etapas para aprovação da Licença Prévia de um projeto de aterro, onde é apresentado seu EIA/RIMA a todos, e assim poderem influir, discutir e debater a respeito do projeto, para então após está etapa a Semadur elaborar um parecer preliminar, com base em todas as informações do estudo e da audiência pública".

Além de toda a estrutura para receber e processar o lixo industrial, o complexo terá área administrativa que inclui oficina mecânica, escritório, lavador, almoxarifado, posto de abastecimento, estacionamento de carros, caminhões, espaço reservado para caçambas e balança.

A ideia é ter, também, sistema biológico de tratamento de efluentes (conjunto lagoas de estabilização).

Mapa mostra área que será ambientalmente influenciada, de forma direta, pelo aterro (Imagem: Reprodução)

Empregos – Conforme o EIA, a ideia inicial é empregar 30 pessoas em diferentes funções. Em Dourados, segundo Marcos Duarte, o aterro atende 200 empresas e aqui o objetivo é, ao menos, dobrar esse número, conforme relatou o engenheiro. A Capital possui mais de 2 mil empresas com mais de 35 mil empregados.

As áreas mais fortes por aqui são indústria da construção, da borracha, fumo, couros, peles, similares e indústrias de produtos alimentícios e bebidas, que tem maior número de empresas na cidade.

Segundo o EIA, podem trabalhar no aterro engenheiro sanitarista e ambiental, engenheiro de segurança do trabalho, técnico de segurança do trabalho, engenheiro civil, administrador, auxiliar administrativo, contador, auxiliar de serviços gerais, operador de máquinas, lavador, mecânico, soldador e motorista.

“Campo Grande tem um aterro público municipal, mas de acordo com a legislação ambiental e a política nacional de resíduos sólidos, resíduos dos grandes produtores e indústrias é responsabilidade das empresas, para isso é necessário que tenha outro empreendimento, para estar recebendo esses resíduos”, avalia Marcos.

O processo para receber e processar o lixo varia com o tipo e quantidade de cada resíduo, conforme explicou. “Porque o resíduo é classificado em função do trabalho, da estabilização, da neutralização, para a gente poder precificar”, afirma.

“Nós vamos trabalhar classe 1, classe 2 e a intenção é implantar sistema de blindagem, para enviar esses resíduos com poder calorífico para o processamento. Contaminados com óleos graxas, plástico, papel, papelão. E também reciclagem, o que material que vem limpo vai retornar para a indústria de origem”, diz o empresário.

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