Meio Ambiente

Caminhões adulterados podem poluir cinco vezes mais o Meio Ambiente

Priscilla Peres | 21/12/2014 14:19

Executivos do setor de óleo e gás se reuniram na semana passada em um workshop, para debater sobre a consolidação do Arla 32, agente líquido redutor de emissões de óxidos de nitrogênio (NOx), no mercado nacional. O uso do produto é obrigatório para veículos movidos a óleo diesel produzidos com a tecnologia do Sistema de Redução Catalítica Seletiva.

As emissões de gases poluentes de um caminhão adulterado para não usar Arla 32 equivalem às emissões de, aproximadamente, cinco caminhões não adulterados. O uso correto do aditivo, por sua vez, reduz essas emissões em até 98%.

O Arla 32 atua nos catalisadores do sistema de escapamento dos motores, permitindo a redução da emissão de óxidos de nitrogênio. Em reação com os gases de escape dos veículos, o Arla 32 transforma NOx em vapor d’água e nitrogênio, gases inofensivos para a saúde humana. Seu uso é regulamentado pela Resolução 214, emitida pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em 28/09/2009.

O engenheiro Tadeu Cordeiro, do Cenpes (Centro de Pesquisas da Petrobras), confirma que os testes realizados comprovam o aumento das emissões em quase cinco vezes com o uso de emuladores, conhecidos como “chips”, que permitem burlar o uso do Arla 32. Representantes do Departamento Jurídico da Petrobras pontuam que a adulteração do Arla 32 pode gerar advertência e multa para usuários e suspensão das atividades para quem comercializa o produto.

O diretor da Affevas (Associação dos Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissões Veiculares da América Latina), Elcio Luiz Farah, se diz preocupado com o avanço dos casos de adulteração de veículos para burlar o uso do produto. Segundo ele, estudo da entidade mostra que, a partir de abril de 2013, houve um claro descolamento entre as vendas do Arla 32 e do óleo diesel. O Arla 32 destina-se à frota de veículos fabricados a partir de 2012 para atender a norma ambiental Euro V, criada na União Europeia para limitar a quantidade de emissões veiculares.

Farah afirmou que o uso de chips que permitem burlar o uso do Arla 32 equivale a uma regressão de 20 anos em termos de atraso ambiental. Segundo ele, as emissões de NOx de um caminhão Euro V adulterado para não usar o Arla 32 equivalem às emissões de 4,5 caminhões não adulterados.

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