Bichos "nadam" no lixo no Lago do Amor, apesar de limpeza quinzenal
O local é área de lazer e ponto turístico, atrai famílias todos os finais de tarde, justamente porque é moradia para mamíferos, répteis e aves. Mas o entorno do Lago do Amor não parece ser o sonho de morada dos animais que vivem ali. As lixeiras estão todas destruídas e o lixo se acumula na margem do lago. Dentre os objetos que as capivaras e jacarés têm que contornar para sair da água, há garrafas, latinhas, recipientes de detergente, brinquedos, calçados e até capacete. Apesar da quantidade de sujeira, a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) garante que a última limpeza foi feita no último sábado (6).
Como o lago fica na área da universidade, a limpeza do local fica por conta da instituição. O trabalho é terceirizado e feito quinzenalmente, segundo o coordenador de operações e atendimento a comunidade, João Jair Sartorelo. Segundo ele, o serviço é incansável porque a população tem o hábito de jogar objetos no local, em especial nos finais de semana.
O lugar fica feio com a sujeira, mas esse não é o problema mais grave. A bióloga e médica veterinária Paula Helena Santa Rita explica que o lixo afeta diretamente a vida dos animais, provocando diversas doenças e situações que podem levar a morte. “Os salgadinhos que as pessoas consomem e jogam são ingeridos pelos animais e desencadeiam problemas hepáticos, que interferem diretamente na fisiologia do animal. Outro problema mais direto, são os preservativos que são encontrados ali, os animais ingerem e tem problema mecânico”, detalha.
“É a cultura das pessoas, acredito que somente com educação ambiental poderia mudar essa situação. Na universidade, nós fazemos um trabalho de conscientização interna, mas com a população a responsabilidade já é dos órgãos municipais e estaduais”, afirma João.
Alguns moradores das redondezas que visitam o lugar são mais radicais e afirmam que a única solução seria multar as pessoas que sujam a região. “O povo só se preocupa quando dói no bolso, só pelo dinheiro mesmo para as pessoas começarem a pensar antes de fazer isso”, sugestiona o estudante Cristiano Magno Severiano, 20 anos, ao garantir que leva qualquer lixo para casa quando sai da beira do lago, onde toma tereré com os amigos.
Turista na cidade, o ajudante de caminhão Adailton Souza, 40 anos, aproveitou a visita a Campo Grande e levou o filho de 7 anos para ver os animais. Alguns minutos ali e o jacaré deu o ar da graça a alguns metros da margem do lago. O menino Diogo Henrique viu o réptil pela primeira vez, mas quando questionado sobre a sujeira mostrou entender do assunto. “Isso faz mal, porque os animais morrem”, disse. O palpite do garoto para acabar com o problema é simples, o mesmo dos especialistas em meio ambiente. “Quando tem um lixo tem que ficar segurando até achar uma lixeira”.