Lado Rural

Retorno de malha ferroviária vai movimentar as cadeias produtivas do Estado

Grãos, minérios, carne e celulose serão transportados pelas ferrovias do Estado

Ana Oshiro | 20/01/2022 10:37
Cerca de R$ 6 bilhões devem ser investidos em malha ferroviária de MS. (Foto: Divulgação)
Cerca de R$ 6 bilhões devem ser investidos em malha ferroviária de MS. (Foto: Divulgação)

Mato Grosso do Sul vive um processo de retomada da malha ferroviária com investimentos, que vão escoar grãos, minério, carne a celulose em um cenário de desenvolvimento. Isso será possível graças às parcerias firmadas entre o governo do Estado e do Paraná e de empresas privadas.

Pelo menos seis projetos estão tramitando hoje no MInfra (Ministério da Infraestrutura), que vão garantir 560 quilômetros de malha ferroviária. Considerando que o valor médio para implantar cada quilômetro de ferrovia é de R$ 10 milhões, as solicitações podem garantir investimentos de R$ 6 bilhões.

De acordo com o Ministério, os pedidos se referem à Ferroeste, ligando Maracaju a Dourados, que está em andamento; um da Eldorado Brasil Celulose, para construir ferrovia entre Três Lagoas e Aparecida do Taboado, no montante de R$ 890 milhões; um da empresa MRS com objetivo de interligar Três Lagoas a Panorama, no total de R$ 1 bilhão e mais cerca de R$ 3 bilhões da Suzano, saindo de Ribas do Rio Pardo a Inocência e de Três Lagoas a Aparecida do Taboado.

Nova Ferroeste – A mais avançada delas é a Nova Ferroeste, que já está em processo de licenciamento ambiental. A ferrovia prevê a construção de uma estrada de ferro entre o Mato Grosso do Sul e o litoral do Paraná. Ao todo, 1.304 quilômetros de trilhos vão conectar Maracaju (MS) a Paranaguá (PR), além de um ramal entre Cascavel e Foz do Iguaçu.

Nova Ferroeste prevê construção de estrada de ferro entre o MS e o litoral do PR. (Foto: Divulgação)

Os investimentos somente no trecho de MS, que terá inicialmente 76 km e já está em andamento, superam R$ 1,2 bilhão. Mas o projeto é grandioso e vai levar de grãos a carnes dos principais polos produtivos de MS até o Porto de Paranaguá e até Santa Catarina.

"No caso da Nova Ferroeste, é a que tem a tecnologia mais adequada, porque já é uma ferrovia existente no Paraná e está incorporada no projeto que vai de Paranaguá até Maracaju. Recentemente, nós tivemos a autorização da ligação de Dourados a Maracaju, que passa a compor a ferrovia com um prazo aí de concessão de 99 anos. Isso é extremamente positivo em termos de prazo", salientou o secretário de Meio Ambiente e Produção, Jaime Verruck.

Ele atribui este avanço na reativação da malha ferroviária estadual ao regime de autorização que foi aprovado recentemente, como novo marco regulatório das ferrovias. Para se traçar o trecho, Verruck afirma que o licenciamento teve toda uma preocupação de passar longe de unidades de conservação e áreas indígenas. Com a Ferroeste, serão oito municípios beneficiados passando de Mundo Novo até toda a região produtora.

No outro extremo do Estado, a celulose é a locomotiva que puxa os investimentos. O interesse existe, porque as empresas do setor buscam alternativas ao transporte rodoviário para exportar a produção de mais de 4 milhões de toneladas de celulose produzidas em Três Lagoas por ano, que movimentaram em 2021 mais de R$ 8 bilhões.

Projeto Cerrado – A expectativa é que o volume vai quase dobrar com o Projeto Cerrado da Suzano, que prevê a instalação de uma unidade em Ribas do Rio Pardo, que vai produzir 2,5 milhões de toneladas por ano de celulose, com investimentos de R$ 19,3 bilhões, sendo que R$ 4,6 bilhões são para atividades florestais, na estrutura logística e outras iniciativas previstas em projetos. Por isso, foi apresentado no Ministério da Infraestrutura o pedido para construção de trechos Ribas do Rio Pardo a Inocência e um entre Três Lagoas e Aparecida do Taboado.

Também a Suzano está viabilizando o acesso à malha férrea da empresa Rumo, que já é ligada ao porto marítimo paulista. Além disso, já houve uma homologação e autorização de projetos de retomada de novas malhas na Costa Leste do Estado.

Verruck acrescenta que a Suzano também prevê uma ferrovia no mesmo trecho da Eldorado, de Três Lagoas a Aparecida do Taboado. "Nesse sentido, tem uma solicitação também da Suzano de Três Lagoas até Aparecida do Taboado. Então, ali acredito que a gente vai ter depois um consenso. Não existirão obviamente duas ferrovias paralelas uma a outra. O que deve ocorrer é um acordo operacional até pelo nível de investimento", pontuou.

O secretário ainda afirmou que existe um outro pedido também ligando Três Lagoas até o município de Brasilândia. "Do outro lado, nós temos uma ferrovia também, que é em Panorama, onde é a Malha Paulista, para se colocar a produção. Estes trechos devem ser autorizados", destacou.

Após ser desativada em 2014, a outra ferrovia que pode ser reativada em partes no Estado é a Malha Oeste, que liga Mairinque até Corumbá e Campo Grande até Ponta Porã. "Essa malha, ela está em estudo. Foi contratado um consórcio que está fazendo todos os levantamentos, e o governo está participando ativamente desse processo. Da mesma forma, a previsão é finalizar os estudos agora no primeiro semestre e se estabelecer o processo de religação para o final do segundo semestre. Então, esse é o objetivo da Nova Malha Oeste", enfatizou.

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