Lado Rural

Acrissul denuncia manipulação de preços pela indústria frigorífica

Orientação da entidade é para que pecuaristas não fechem negócios abaixo dos R$ 300 por arroba

José Roberto dos Santos | 10/09/2021 15:25
"É hora de segurar o boi no pasto e não aceitar negociar abaixo dos R$ 300 por arroba", afirma Jonatan Barbosa. Foto: Divulgação
"É hora de segurar o boi no pasto e não aceitar negociar abaixo dos R$ 300 por arroba", afirma Jonatan Barbosa. Foto: Divulgação

O presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) Jonatan Pereira Barbosa pronunciou-se através das redes sociais para denunciar a pressão dos frigoríficos no Estado, que abriram as compras nesta quinta-feira oferecendo R$ 280,00 pela arroba do boi gordo.

Segundo o ruralista a indústria está querendo se aproveitar de uma situação isolada que é a suspensão das exportações para a China em função dos dois registros de mal da vaca louca atípicos, recentemente confirmados no Mato Grosso e Minas Gerais. 

"Queremos conclamar a classe produtora a não fechar negócios abaixo dos R$ 300,00 por arroba do boi gordo. Não podemos ceder à pressão injusta da indústria que vem agindo com extremo oportunismo para especular o mercado", alerta o presidente da Acrissul.

Pressão não derruba arroba

Nesta semana a arroba do boi gordo continuou com preços firmes nas principais regiões pecuárias, apesar da pressão baixista dos frigoríficos, informam as consultorias que acompanham diariamente o setor pecuário.

Nas praças paulistas, por exemplo, o preço do macho segue valendo R$ 310/@ (preços brutos e a prazo), segundo números da Scot Consultoria. O indicador Cepea aponta arroba do boi gordo para hoje em R$ 312,25.

As cotações da vaca e novilha gordos também seguem estáveis, a R$ 292/@ e R$ 307/@, respectivamente (preços brutos e a prazo).

"Agora o momento é de aguardar e segurar. Não há estoque disponível nos pastos para frigorífico querer ditar regras e a situação com a China é meramente passageira e pontual", finalizou Jonatan Barbosa.

Semana perdida 

Nesta sexta-feira o mercado continuou totalmente travado; primeiro pela manutenção da suspensão das exportações de carne bovina para a China; segundo pelo movimento de paralisação dos caminhoneiros, que afetou o transporte de bovinos em menos 15 estados (Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Rio de Janeiro, Rondônia, Maranhão, Roraima, Pernambuco e Pará). 

Considerando o feriado de 7 de setembro (na terça-feira), que por si só reduziria as compras pela indústria, pode-se dizer que esta foi uma semana totalmente perdida para o mercado da carne bovina. 

Expectativas

Pelo comunicado do (Mapa) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a suspensão das exportações de carne bovina para a China, de forma cautelar, começou no dia 04 de setembro. Em 2019, ano de registro do último caso do mal da vaca louca atípico no Brasil, o bloqueio durou cerca de 10 dias.   

A expectativa dos pecuaristas se voltam para os céus; com as chuvas espera-se uma melhora nas pastagens, o que pode garantir a manutenção do peso dos animais sem o impacto dos custos de nutrição no cocho. O que também não vai acontecer da noite para o dia.

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