Sabor

No meio dos carros, Maico vende jaca "a rodo" e nem todo cliente é vegano

"Não só de manga, abacate, pequi e guavira se vive o vendedor ambulante", confirmou o homem enquanto segurava uma jaca no ombro

Raul Delvizio | 21/11/2020 07:10
Jaca: a temporada da fruta que se ama muito ou se odeia com força chegou (Foto: Kísie Ainoã)
Jaca: a temporada da fruta que se ama muito ou se odeia com força chegou (Foto: Kísie Ainoã)

A temporada das jacas chegou e na avenida Afonso Pena, Maico aproveita a queridinha dos veganos, indispensável na substituição da carne. Vendedor carismático, ele carrega a fruta no ombro em meio aos carros da esquina da rua Coronel Cacildo Arantes. No sítio onde vive e colhe ainda verda a fruta "odiada" por alguns, o estoque chega a 1200 unidades. Mas Maico garante: não é só pros veganos, não.

"Ontem mesmo vendi 20 jacas grandes pra tudo que era senhorinha. O público que compra a fruta é mais velho mesmo, mas sempre tem uns gatos pingados mais jovens. Suspeito que estejam comprando para as mães, tias ou avós", brinca o vendedor de jacas Maico Robson dos Santos Silva.

Você é daqueles que, ao ver a plaquinha, compraria sua jaca de dentro do carro? (Foto: Kísie Ainoã)

O que fico intrigado é quando me vem perguntar que fruta é essa que estou vendendo. O povo não tem mais quintal, não sabe nem o que é uma jaca", afirma.

O valor de cada unidade depende do seu tamanho, da pequena por R$ 10 até a maior de R$ 50. Mas não é só jaca que ele "guarda" na manga (sic). Maico também comercializa manga rosa e coração de boi, saindo 5 por R$ 10. Os horários de venda variam, mas ele explica que geralmente antes do almoço e depois das 17h, quando o movimento dos carros cresce, é a "hora da jaca".

No meio do carros, Maico oferece desde jacas a mangas madurinhas (Foto: Kísie Ainoã)
Para Maico, jaca é muito mais amor do que ódio (Foto: Kísie Ainoã)

"Não é cansativo ficar aqui trabalhando no calor do sol e no meio da poeira dos carros. Vendo algo que plantei com carinho, tive o cuidado de tirar do pé sem deixar a fruta cair, amassar. Tiro meu sustento com esse dinheiro. Então, pra mim, é tudo vitorioso", considera.

O homem de 35 anos ama o que faz e admite que prefere bem mais vender no sinaleiro do que ficar batendo de casa em casa. "Aqui, meu produto já fica exposto, a pessoa já vê do carro e se interessa. Quando me chamam, já é negócio certo".

Para ele, jaca é muito mais amor do que ódio. E reflete: "o que mais se vê por aí é o povo vivendo em casas de concreto, sem jardim, sem verde. Eu moro num terreno de 20-25 hectares. Tem horta, pé de tudo que é tipo, criação de porco, galinha. Quando eu vendo minhas frutas, estou entregando um pouquinho dessa sensação. Por isso eu acho que o povo se surpreende ao me ver".

Dividindo a rua com outros vendeores, democracia corre solta (Foto: Kísie Ainoã)
Maico também vende dois tipos de manga e já tem planos de trazer muito mais (Foto: Kísie Ainoã)

Mas não só de manga, abacate, pequi e guavira se vive o vendedor ambulante", finalizou Maico enquanto segurava uma jaca no ombro pronta para ser oferecida ao carro logo à frente.

O "disk-jaca" de Maico é pelo telefone (67) 98213-0322.

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