Sabor

Depois de acreditar no sabor da jaca, casal inova na sopa paraguaia

O casal que não sabia da existência de tantas jaqueiras pela cidade, agora vive da versatilidade da fruta.

Thailla Torres | 21/07/2019 07:30
Sopa paraguaia de jaca feita por Maria. (Foto: Maria Solange)
Sopa paraguaia de jaca feita por Maria. (Foto: Maria Solange)

Maria Solange Lencina nasceu em Jardim, interior de Mato Grosso do Sul, mas aprendeu em Campo Grande o tamanho do significado dado à jaca, fruta habitualmente encontrada em parques e ruas da cidade. Viveu anos trabalhando como professora, até que em 2017 fez uma mudança na vida e decidiu vender uma receita regional, mas com recheio diferente: “Sopa Paraguaia de Jaca”.

A mistura de sabores, para quem não conhece, parece estranha, mas ela garante: o resultado é delicioso. “Eu tinha o mesmo medo porque não conhecia a fruta, quando experimentei pela primeira vez, fiquei apaixonada. Na sopa paraguaia ela fica uma carne macia, sem sabor forte”, explica.

Há alguns anos, a jaca se tornou queridinha dos adeptos da alimentação vegetariana e vegana. Quem experimenta sente sabor neutro e textura suave, em preparos de coxinha, fricassé, hambúrguer e até salpicão. Por aqui, ela já incrementa receitas de saltenha e sopa paraguaia.

Solange foi quem começou o negócio há 2 anos. (Foto: Kísie Ainoã)

A inspiração veio de um cliente que comentou da “carne de jaca”, há seis meses. Maria e o esposo até então não conheciam a receita e chegaram a duvidar que desse certo. “Eu nunca gostei de comer, só minha mãe comia muito”, explica Marcos Feeta.

Maria então preparou a sopa paraguaia e entregou ao cliente. “Se ele não gostasse não precisava pagar, mas ele amou e desde então passamos a produzir a receita”.

O casal brinca que não sabia da existência de tantas jaqueiras pela cidade. “Agora eu vivo catando jaca pelo caminho, porque a carne é muito cara para comprar e no começo essa foi a nossa maior dificuldade”, explica Maria.

Quando a crise bateu à porta de casa, há dois anos, Maria e o marido tiveram de encontrar uma nova fonte de renda. Preparou uma fornada de sopa paraguaia para vender nas ruas e conseguir uma grana extra. Ao ver que a ideia deu certo, ele também quis aprender a receita. “Não achava justo ver ela na cozinha e depois andando por aí sozinha para vender. Então pedi a ela para me ensinar e assim contribuir com o trabalho”, explica o esposo. Antes, ele atuou por décadas como editor de imagem.

A oportunidade de criar algo bem regional e saboroso veio ao encontro de eventos culturais na cidade que abrem as portas para o casal vender. “Sempre frequentei estes eventos, sempre fui uma mulher alternativa, mas agora eles estão me dando a maior força para vender”.

Com um carrinho, o casal estaciona pela cidade vendendo a sopa paraguaia de jaca. À venda também tem cachorro-quente tradicional e com linguiça caseira. “Vejo reações engraçadas. Algumas pessoas comem achando que tem aquele gosto forte ou doce, mas na verdade faço com a jaca verde e assim você pode fazer até churrasco com ela”.

Como o trabalho ainda é todo feito em família, só pode experimentar quem encontrar com Maria nas ruas. Toda segunda-feira, por exemplo, ela está no Sarau de Segunda, realizado na Praça dos Imigrantes. Às terças ela aparece de manhã na frente da Fundação de Cultura, na Fernando Correa da Costa e aos fins de semana comparece em eventos.

Quem tiver interesse em comprar a sopa paraguaia ou encomendar, pode entrar em contato com o casal pelo telefone (67) 99159-0820.

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