Sabor

De leste a oeste, guavira espalhou e ninguém mais precisa catar fruta no mato

Em Campo Grande os vendedores estão por todos os cantos e comentam que a fruta é comprada até para colocar na cachaça

Alana Portela | 17/11/2019 07:30
João Paulo da Silva Carvalho separando a guavira para vender (Foto: Alana Portela)
João Paulo da Silva Carvalho separando a guavira para vender (Foto: Alana Portela)

Foi-se o tempo em que os moradores precisavam sair de Campo Grande para catar guavira no mato. Hoje o negócio é mais rápido, só passar perto de um quebra-molas em alguma avenida de rua larga, afastada do Centro, que encontra fácil. Os vendedores são do Paraná e estão de ponta a ponta vendendo a fruta por R$ 10,00 o litro ou R$ 20,00 dois litros e meio.

O Lado B deu um rolê pela cidade e só na região norte encontrou dois pontos de venda. Na Avenida Cônsul Assaf Trad, sentido Shopping Bosque dos Ipês, uma barraquinha foi montada e dez caixas de guavira foram espalhadas numa mesa de exposição que chamam atenção da freguesia. “Aqui muita gente compra pra colocar na cachaça ou chupar”, diz Marcos Aurélio Lourenço.

Ele é vendedor há dez anos e conta que vem à Capital vender guavira. “Pego a carga na região de Coronel Sapucaia, Amambai. Já tem cinco anos que venho pra cá na época da fruta, em novembro, e fico umas três semanas vendendo. O pessoal gosta e vendo bem, cerca de 150 litros por dia”, conta. Ele fica sentado em um caixote aguardando os clientes das 6h às 17h30.

Marcos Aurélio Lourenço vende guaviras há anos (Foto: Alana Portela)
Diemes Sanches fica na sua barraca na região norte de Campo Grande (Foto: Alana Portela)

A fruta é sazonal, típica do Cerrado e muitos compram para comer, temperar receitas, fazer suco e até curtir na cachaça. Por conta da abundância se transformou no símbolo de Mato Grosso do Sul em 2017, através de um projeto estadual apresentado na Assembleia Legislativa. A colheita começa em novembro e dura pouco tempo.

Quando encerrar as vendas, Marcos vai para São Gabriel do Oeste comercializar uva. “E assim vou sustentando a família. Mas para matar a saudade de casa sempre envio mensagem ou ligo. Sempre estou em algum lugar diferente vendendo goiaba, pitaia e outras frutas. Já fui até para Porto Alegre”.

Ainda na mesma avenida, uns 500 metros à frente, está Diemes Sanches, vendendo das 8h às 18h. “Cerca de 100 pessoas por dia passam aqui para comprar a guavira. É uma fruta C de vitaminas, boa para saúde e muita gente gosta”, afirma.

Ele tem 28 anos e trabalha com vendas há 2. “Gosto do que faço e de conhecer pessoas novas. Essa é a primeira vez que venho para Campo Grande. Cheguei no fim de semana passado e devo continuar mais três ainda, até acabar as vendas. Alguns usam para curtir na cachaça e até ganhei pinga de um cliente para fazer isso”.

As frutas são redondinhas e verde (Foto: Alana Portela)
Seu Aparecido Lopes é um dos clientes. (Foto: Alana Portela)

Na região leste da cidade quem cuida da clientela é Alexandre Batistão. Ele fica em frente ao Conjunto Maria Pedrossian, na Avenida Ministro João Arinos, saída para Três Lagoas. “Faz oito anos que venho vender aqui. Vendo bastante porque a guavira faz parte da cultura dos moradores. Contudo, em outros estados que o povo não conhece a fruta”.

Aos 28 anos, ele também fala sobre as viagens. “Estou sempre na estrada, enquanto minha família fica no Paraná. Dá saudade, mas converso com eles todos os dias e a cada 15 dias volto pra casa. Minha esposa e nossos dois filhos pequenos ficam me esperando”, diz Alexandre.

Em outra ponta, na região leste, quem atende a freguesia é João Paulo da Silva Carvalho, 38 anos. Ele está na Avenida Lúdio Martins Coelho, esquina com a rua João Ribeiro Guimarães, sentido centro/bairro. “O movimento aqui é grande, vendo bem. O pessoal já pede uns dois litros e diz que é pra cachaça”, diz.

Com sorriso no rosto e muita simpatia, ele conquista os clientes mostrando fruta fresquinha. Coloca a fruta num saco para entregar aos clientes. “Fico das 7h à 17h30, qualquer pessoa que passar por aqui vai me ver. Em outros períodos vendo goiaba, pêssego, uva”.

Aparecido Lopes 72 anos estava passando pelo local, resolveu parar para conferir o preço da fruta. Não comprou porque estava sem dinheiro no momento, mas conta que adora guavira. “É uma fruta boa, gostosa e docinha. Antigamente, quando chegava o tempo dela, costumava ir para chácaras colher porque gosto de chupar”.

Na parte sul de Campo Grande, na avenida Gury Marques, depois da rodoviária nova, também tem outro vendedor. A fruta também é vendida por indígenas no Centro da cidade.

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Guaviras fresquinhas ficam a mostra para vendas (Foto: Alana Portela)
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