Sabor

Churrasqueiro de fazenda ensina os macetes da carne

Ângela Kempfer | 16/10/2012 09:00
Arides dos Santos já é churrasqueiro há 40 anos. (Foto:  Miguel Palácius)
Arides dos Santos já é churrasqueiro há 40 anos. (Foto: Miguel Palácius)

Há 40 anos Arides dos Santos é o responsável pelo churrasco, primeiro em fazendas de Anastácio e Maracaju, agora em festas, aqui mesmo em Campo Grande.

Pode ser em salão social, comemoração de crianças, festinha de adolescente, o churrasqueiro chega sempre a caráter, como o peão de fazenda que sempre foi.

O corte pouco importa, ensina a experiência. Aos 69 anos, Arides garante que a simplicidade é o que manda. Tempero? Só sal grosso ou do tipo boiadeiro.  

“Já tentei pimenta, alho...mas bom mesmo é só com sal. Carne muito temperada fica sem gosto. Picanha? É frescura, só aparência. Uma maminha, uma ponta de costela ou ponta de peito são muito melhor”, ensina.

O que interessa realmente é a forma de assar, defende. A ritual do churrasqueiro começa às 4h. O fogo deve consumir a lenha, até virar brasa. “Lá pelas 9h já tem só o braseiro. Daí é hora de colocar a carne, sem labareda”, diz Arides.

O espeto fica na mesma posição por 40 minutos, depois é “tombado” e o outro pedaço fica sobre a brasa por mais 40 minutos. “E assim vai, depois de 3 horas e meia virando, a carne tá macia, pronta”, assegura o professor.

O churrasqueiro aprendeu o ofício quando trabalhava em Anastácio, como capataz.  O pai tinha propriedade em Aquidauana, mas quebrou e os filhos foram obrigados a pegar outro rumo.

“Fui trabalhar com o falecido Renato Falcão, na fazenda dele e aprendi a assar a carne lá”. Aos 27 anos, o rapaz cruzou com o peão José Farofa, um pernambucano bom de conversa e elogiado por fazer o melhor churrasco da região.

Depois, foram mais 30 anos na fazenda Engenho, de Laucídio Coelho Neto, como o churrasqueiro oficial, até trocar o campo pela cidade.

Hoje, no Jardim das Meninas, em Campo Grande, ele vive com o dinheiro da aposentadoria, a venda de produtos feitos com couro de cabrito e fazendo “churrasco pra fora”.

Para uma festa com 100 quilos de carne, ele cobra R$ 300,00 para assar e só faz uma exigência. “Não pode me dar carne congelada para assar, tem de ser fresca”.

Apesar de já estar adaptado à cidade, com clientela garantida, ele diz que sente saudades do bom churrasco de fazenda. “Lá tem lenha de angico boa, não é esse carvão minguado daqui”.

O telefone para contato com o churrasqueiro é 9949 0507.

Nos siga no