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Antes dos Amiibos, Mattel usava cards colecionáveis no HyperScan

Edson Godoy | 21/02/2017 11:24
Antes dos Amiibos, Mattel usava cards colecionáveis no HyperScan

No capítulo anterior do nosso especial “História dos Videogames”, falamos sobre o Wii, o revolucionário console da Nintendo lançado em 2006 e que popularizou os controles com detecção de movimento, vendendo mais de 101 milhões de unidades. Nesse mesmo ano, outra empresa tradicional no ramo dos consoles, mas que estava ausente desde a segunda geração, resolve tentar algo novo: a Mattel.

Ela foi a criadora de um dos mais importantes consoles da segunda geração dos videogames, o Intellivision, lançado no final da década de 70 e competidor direto do Atari 2600. Porém, depois do Crash de 1983, onde uma grave crise atingiu o mercado norte-americano de videogames, a empresa nunca mais se aventurou no ramo. Até que em 2006 ela retorna com uma nova proposta: trazer um console que fosse um misto de videogame e brinquedo, voltado ao público infanto-juvenil e que custasse bem menos que os outros consoles.

Assim nasceu o Mattel HyperScan. Lançado em 23 de outubro de 2006, já no final da sexta geração dos videogames (PlayStation 2, GameCube e Xbox), o console custava cerca de 70 dólares (a título de comparação, o PlayStation 2 custava cerca de 200 dólares) e tinha como principal característica a utilização de cartões colecionáveis, que adicionavam itens, fases, desafios e personagens ao jogo, algo semelhante ao que os Amiibos fazem hoje nos consoles da Nintendo (criados em 2014). O HyperScan era vendido com o jogo X-Men e 6 cards. Mais cards poderiam ser adquiridos separadamente, em pacotes chamados de “booster packs”.

O console tinha processador de 32bit e utilizava jogos em CD. Possuía também um leitor de cards bem chamativo, que utilizava a tecnologia RFID – Radio Frequency Identification, que fazia a leitura e transportava as informações do card para o console. Com essas características e o baixo preço, o HyperScan tinha tudo para encontrar o seu lugar no mercado né? Mas não foi bem isso que aconteceu. Vários problemas rondavam o console da Mattel.

O pacote inicial do HyperScan.
Os boosters packs, pacotes contendo cards adicionais.

A começar pelo foco equivocado da empresa. O público-alvo declarado do console eram meninos de 5 a 9 anos, crianças que ainda não possuíam maturidade suficiente para jogar consoles como o PlayStation 2 e que com certeza teriam nos cartões colecionáveis o grande apelo, além claro do preço baixo, que com certeza agradaria os pais. Porém, a linha inicial de jogos do console era praticamente toda voltada ao público adolescente. X-Men, IWL Wrestling, Marvel Heroes, Spider-Man e Ben 10 eram todos jogos voltados a jogadores acima de 10 anos.

Outro problema era a baixa qualidade em geral, tanto do console quanto dos jogos. Nada nele era capaz de impressionar. O console e o controle eram visivelmente construídos com materiais de baixa qualidade, com aquele ar de produto “xingling”. O leitor de cards as vezes demorava a fazer a leitura, algo que irritava um pouco. Os jogos estavam muito distantes do que os consoles da época eram capazes. Para piorar um pouco, a jogabilidade não era das melhores e os tempos de loading eram extremamente longos.

Com esses problemas, o HyperScan foi um fracasso nas vendas. Lembra que eu mencionei os 5 jogos da leva inicial de lançamentos? Pois é... Eles foram os únicos jogos lançados para o console. Ainda chegaram a ser anunciados outros dois jogos (Avatar: The Last Airbender e Nick Extreme Sports), porém jamais foram lançados. O console foi descontinuado em 2007, pouco mais de um ano após o seu lançamento. Não há na internet informações sobre a quantidade de consoles vendidos.

Confira abaixo dois vídeos onde mostramos com maiores detalhes o Mattel HyperScan e um de seus jogos: Marvel Heroes. E assim encerramos mais um capítulo de nosso especial. No próximo falaremos sobre o famigerado Zeebo, console com DNA brasileiro lançado no Brasil pela Tectoy.

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