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Yoga feita só para as crianças tem cânticos e aula, inclusive, no jardim

Paula Maciulevicius e Aline Araújo | 07/07/2014 06:23
Os pequenos tem 5, 6, 8 e 10 anos e já praticam yoga. (Fotos: Marcelo Victor)
Os pequenos tem 5, 6, 8 e 10 anos e já praticam yoga. (Fotos: Marcelo Victor)

O espaço é colorido, aconchegante e já transmite uma tranquilidade que talvez os pequenos ainda não reconheçam de imediato. A porta se abre e os olhos encontram quatro crianças, sentadinhas em posição borboleta, concentradas no cântico dos mantras. A professora é quem dita o ritmo pelo violão.

Os pequenos tem 5, 6, 8 e 10 anos e participam das aulas com a professora Ângela Pereira Maragno, no Mandiram Yoga, em Campo Grande. Há cinco anos ela começou a ensinar a filosofia para os pequenos. “Foi por causa da minha filha, não tinha professora para ela aqui”, conta. À época, também calhou um convite para trabalhar com o segmento infantil em um espaço da cidade.

“Eu queria que ela fosse familiarizada com essa filosofia”, complementa. Mas as aulas não ficaram só na menina, outros pequenos também começaram a aprender a respirar, se concentrar e a enxergar, com outros olhinhos, o próprio corpo.

Os 50 minutos de aula são lúdicos, ora divertidos, ora exigindo concentração e esforço tanto físico, quanto emocional deles. “Não tem nada que seja explicado, é vivenciado. Eles vão vivendo a reflexão ora sobre os relacionamentos, ora fazendo trabalho num nível mais físico e percebendo o corpo, trabalhando a mente”, descreve Ângela.

Nos exercícios, eles enfrentam o medo ao se entregar um para o outro.

Ao chegarem, a primeira coisa é entrar no clima da aula. As crianças cantam mantras de forma a harmonizar o ambiente e sintonizar o grupo. Ângela explica que é feito o trabalho de harmonização, de acalmar a mente através da música, do canto, do mantra. “Trabalha a respiração, introduz para a criança como a respiração a deixa mais calma. Ela estabiliza a mente e percebe. Eles dizem 'até me deu um pouco de sono', é o jeito que eles reconhecem”, explica.

Durante os exercícios eles enfrentam também o medo ao se entregar um para o outro. “Na verdade, as aulas vão resgatar o relacionamento, olhar sem medo, que é difícil ceder, se relacionar consigo mesmo e com o outro. É assim mesmo, não vai ser sempre tudo fácil”, fala a professora.

Quando realizada duas vezes na semana, o yoga também ganha espaço no jardim. É o momento, segundo Ângela, da conexção com a natureza. Com os pezinhos na grama, eles vivenciam a prática o que aprendem em sala. “É um coletivo, de plantar e colher. Vai ver onde tem ervas daninhas, às vezes vai se frustrar, porque plantou, cuidou e de repente morreu”, exemplifica.

Os benefícios são os mesmos que os adultos percebem. “As crianças, hoje em dia, estão muito desconectadas de si. Sempre com celular, TV, computador, o contato com elas mesmas vem diminuindo e no trabalho de yoga, o primeiro contato é o corpo dela, quando ela trabalha com as posturas, percebe algumas facilidades, dificuldades, algumas divertem, outras despertam raiva e através do corpo elas vão se reconhecendo”, resume.

Aos 5 anos, Luísa Fonseca, diz que “adora muito” as aulas. Sobre o que mais gosta, timidamente diz “a saudação do sol”. O exemplo veio de casa, a mãe Jaqueline Rodrigues de Lima é adepta do exercício. “Ela sempre me via fazendo em casa e hoje ela já consegue participar”, diz a mãe. O resultado foi perceber que a filha passou a mudar o comportamento. “Ela começou a ter mais noção dos atos dela”.

Há dois anos, Valentina Cauduro, de 8, até deixou as aulas de balé pelo yoga. Pela coincidência de horários, ela escolheu o que hoje considera a melhor opção. “Eu não vivo sem o meu yoga”, diz.

A professora recomenda que as aulas comecem a partir dos 5 anos, idade em que as crianças já iniciam na alfabetização e tem uma capacidade de compreensão já mais desenvolvida. O espaço Mandiram fica na rua Amazonas, 612, no bairro São Francisco. Os valores são a partir de R$ 103.

Os 50 minutos de aula são lúdicos, ora divertidos, ora exigindo concentração e esforço tanto físico, quanto emocional.
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