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Médico apela para venda de pizzas para pesquisar tratamento a autistas

Neonatologistas respeitado, Durval Palhares acredita em medicamento que já mostrou reduzir efeitos da doença

Ângela Kempfer | 24/11/2021 15:18
Mãe observa filho com autismo em casa, em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Mãe observa filho com autismo em casa, em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Nem 46 anos de experiência, com pós-doutorado em Cleveland (EUA) e o nome reconhecido como um dos grandes neonatologistas do Brasil livraram o médico Durval Batista Palhares dos perrengues de um pesquisador brasileiro. Para viabilizar estudo sobre autismo, ele é voluntário e tem de fazer ações para arrecadar recursos. Agora, apela até para a venda de pizzas. 

Em 3 dias, o  grupo  terá de vender 400 pizzas por R$ 40 cada, para dar sequência a estudo sobre os efeitos de um medicamento específico no tratamento de crianças com autismo. Mas só R$ 14 ficarão no fundo para os estudos. .

“Esse Brasil não tem solução não. Se não for na base da colaboração, a gente não faz pesquisa”, reclama. 

A vida de Durval é pesquisar. Mas depende de ações como a venda de pizzas para viabilizar o trabalho em prol da ciência. Professor da UFMS, nem a principal instituição de ensino de Mato Grosso do Sul tem colaborado com verba para a pesquisa. “Temos dois laboratórios, mas é só o espaço que eles dão. Não tem mais nenhum investimento”, protesta.

A cada pizza vendida, o grupo vai arrecadar R$ 14, R$ 5.600 no total, o que servirá para primeira compra de reagentes a serem usados no trabalho já autorizado formalmente.

Neonatologista, Durval Batista Palhares é o responsável pela pesquisa.

O projeto surgiu em 2019, quando o médico descobriu que um medicamento para tratar a fibrodisplasia ossificante levava alguns pacientes com transtorno do espectro autista a uma melhor socialização.

“Fizemos todos os testes para a aprovação da pesquisa, sem nenhum efeito colateral observado", diz. 

A base do estudo parte da tese de que o autismo é uma inflamação no sistema nervoso central.

Junto de outros especialistas, 19 crianças autistas já passaram pela primeira pesquisa. Do total, 9 tomaram placebo e as 10 que realmente usaram a medicação pesquisada “apresentaram melhora significativa na interação com outras pessoas, na socialização”, garante Durval.

O homem que implantou o atendimento de neonatologia em todo o Estado e virou referência em saúde de recém-nascidos diz que “nem precisava fazer pesquisa se não quisesse”, mas insiste em descobrir como melhorar a qualidade de vida das crianças.

Anos como professor também decepcionaram, por não encontrar nos alunos orientados nenhum disposto a reforçar o trabalho de pesquisa. “Orientei muito mestrado e doutorado. Mas, a maioria só quer título para ganhar mais dinheiro”, avalia.

Para iniciar essa fase da pesquisa, ainda falta muito dinheiro. A ideia é selecionar 40 pacientes e durante 4 meses, ministrar o medicamento ao custo de cerca de R$ 500. Isso sem contar todos os aspectos que envolvem um estudo deste porte, começando pela biologia molecular. A meta é avançar nas pesquisas e colaborar com a cura.

"Só quem sente na pele é que se preocupa com a pesquisa no Brasil. Dia desses, a avó de uma paciente doou R$ 50 mil, porque eu salvei a vida da neta dela lá no HU”, conta o médico.

Três dias de pizzas - Bem, os interessados em ajudar vão receber as pizzas em casa, nos sabores Frango com Requeijão, Portuguesa, Marguerita, Calabresa ou Banana com Canela, que serão vendidas durante 3 dias: 25, 26, 27 e 28 de novembro. 

Para comprar, basta enviar nome, endereço, escolher o sabor, o dia desejado para entrega e repassar o comprovante do pagamento via WhatsApp.

O pagamento será por Pix: 356.562.391-87 ou transferência para a agência 5246 do Bradesco, conta 833-8, sob o CPF 356.562.391-87.

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