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Gordura trans deve ser banida até 2023, então é bom aprender a olhar os rótulos

Norma virá em três etapas, com a primeira limitando a gordura nos óleos refinados que não poderá exceder os 2%

Rosana Siqueira | 17/12/2019 18:00
Gordura trans está presente em alimentos industrializados (Paulo Francis)
Gordura trans está presente em alimentos industrializados (Paulo Francis)

Uma das maiores vilãs do cardápio, a gordura trans - aquela que dá crocância ao biscoito, mantém a manteiga vegetal sem estragar e dá sabor a pipoca de microondas - pode estar com os dias contados. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou hoje, por votação unânime, um novo conjunto de regras que visa banir o uso e o consumo de gorduras trans até 2023.

A medida agradou empresários do ramo de alimentação natural e fitness e nutricionistas de Campo Grande já que amplia também a força deste mercado em expansão. Na Capital existem hoje cerca de 1500 empresas com registro direcionado para alimentação saudável.

A nova norma será dividida em 3 etapas. A primeira será a redução da gordura na produção industrial de óleos refinados. O índice de gordura trans nessa categoria de produtos será de, no máximo, 2%. Essa etapa tem um prazo de 18 meses de adaptação, e deverá ser totalmente aplicada até 1º de julho de 2021.

A data também marca o início da segunda etapa, mais rigorosa, que limita a 2% a presença de gorduras trans em todos os gêneros alimentícios. De acordo com nota publicada pela Anvisa, a medida deverá “ampliar a proteção à saúde, alcançando todos os produtos destinados à venda direta aos consumidores”.

A restrição da segunda fase será aplicada até 1º de janeiro de 2023 - período que marca o início da terceira fase e o banimento total do ingrediente para fins de consumo. A gordura trans ainda poderá ser usada para fins industriais, mas não como ingrediente final em receitas para o consumidor.

Colesterol - A gordura trans está presente principalmente em produtos industrializados onde ela é usada para para eliminar odores desagradáveis e indesejáveis nos produtos finais. A gordura trans está associada ao aumento do colesterol ruim (LDL) e degradação do colesterol bom (HDL).

De acordo com a Anvisa, existem provas concretas de que o consumo de gordura trans acima de 1% do valor energético total dos alimentos aumenta o risco de doenças cardiovasculares. A agência informou ainda que, em 2010, a média de consumo de gorduras trans pelos brasileiros em alimentos industrializados girava em torno de 1,8% - valor considerado perigoso. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a gordura trans foi responsável por 11,5% das mortes por doenças coronárias no Brasil naquele ano, o equivalente a 18.576 óbitos em decorrência do consumo excessivo do óleo.

O nutricionista Emerson Duarte explica que a gordura trans melhora a conservação dos produtos, dá crocância e realça o sabor. No entanto é extremamente nociva à saúde, principalmente cardiovascular. "Sempre digo que quanto mais alta da validade do produto, menor a nossa validade. Por isso acho ótimo que a decisão da Anvisa. Antes tarde do que nunca. Mas acho que as regras ainda não estão muito claras", enfatiza. 

"O índice de pessoas que tem prejudicado a saúde cardiovascular pelo consumo destas gorduras, com colesterol alto, triglicérides entre outras doenças é muito alto. Com esta medida a gente consegue diminuir o risco de vida da população, os índices de saúde melhoram. Tudo é muito bem vindo. Mas a minha preocupação é que a indústria sempre arruma um jeito", destacou.

Leia o rótulo - Enquanto a lei não está totalmente implantada, o consumidor pode evitar consumir  gordura trans olhando com atenção os rótulos de produtos nas gôndolas de supermercados e lista de ingredientes. Ao verificar a tabela nutricional, ela aparece como gordura trans, de acordo com a porção especificada pelo fabricante. Mas se nessa porção não houver quantidade superior a 0,2 gramas de ácidos graxos trans, o fabricante não é obrigado a informar que há gordura trans naquele produto.

Por isso, o consumidor deve ficar atento à lista de ingredientes, já que a gordura trans pode ser chamada ainda de gordura vegetal, gordura hidrogenada, ou gordura parcialmente hidrogenada. E a Anvisa adverte que mesmo que não apareça na tabela nutricional não significa que não há gordura trans naquele alimento.

Restaurante usa apenas a gordura natural da carne (Divulgação)


Repercussão - Para a empresária Nayara de Souza, proprietária do restaurante Pé de Vitamina de comidas saudáveis na Capital, a medida da Anvisa é muito válida. “No nosso estabelecimento não utilizamos nada de gordura trans e trabalhamos apenas com as gorduras naturais das carnes como o filé por exemplo, e o salmão”, explicou.

Ela destaca que assim como as carnes todos os pratos produzidos no local são totalmente naturais. “Fazemos nosso molho de tomate, nosso purê de batatas doces. Tudo seguindo o preparo mais natural possível”, frisou. As receitas produzidas no local primeiro são testadas na cozinha da família. “Nosso lema é vender apenas o que consumimos na nossa casa”, finalizou.

 

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