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“Homão da porra” é projeto de Gustavo, que perdeu 42 kg e ganhou uma nova vida

Do sofrimento na academia até a vontade de viver de novo, Gustavo fala da transformação que exigiu mais do que ele imaginava

Thailla Torres | 16/12/2019 07:20
Sofrimento na academia fez parte do processo de transformação. (Foto: Arquivo Pessoal)
Sofrimento na academia fez parte do processo de transformação. (Foto: Arquivo Pessoal)

Quem conheceu o cantor e ator campo-grandense no passado busca incansavelmente saber a mágica para a transformação vivida por ele nos últimos três anos. Ele não só perdeu muitos quilos, como recuperou autoestima e deu novos passos na vida profissional. Quando se ouve que não teve cirurgia nesse processo de transformação, o susto é maior. Em razão disso, ele passou a compartilhar sua rotina e mostrar que mudar de vida não é fácil, mas possível quando se deseja sorrir de felicidade, não por obrigação.

Quando a reportagem entrou em contato com Gustavo, a pauta era para falar sobre depressão. Ele que também já viveu tempos difíceis com a doença, hoje se orgulha em caminhar bem. Mas a conversa tomou um rumo mais divertido com o bom humor do músico que, sem meias palavras, diz que se viu perdido quando decidiu criar um novo projeto de vida: o “Homão da porra”.

O nome é repetido em meios às risadas até Gustavo revelar que criou recentemente o “Bumbum na lua”, outro projeto que, segundo ele, faz toda diferença na rotina. “Eu sempre fui um homem que nunca tive bunda, enquanto homem gay, isso é terrível. Então eu comecei a trabalhar glúteos para ter um pouco mais de bunda e estou feliz com os resultados”.

Hoje, Gustavo com 42 quilos a menos. (Foto: Arquivo Pessoal)

O projeto começou em dezembro de 2016, quando Gustavo pesava 142 quilos e era absolutamente sedentário. “Eu fui gordo um bom período de tempo, subi aos 20 anos, consegui baixar em 2014, mas quando voltei de Curitiba para Campo Grande, comecei a engordar, logo que me casei. Nesse período de tempo, de 2015 a 2016, foram 50 quilos a mais”, relembra.

A mudança não foi repentina, mas iniciou dentro de uma vivência dolorosa para Gustavo. “O ponto crucial foi perder totalmente a libido. Eu perdi a vontade de transar e achava meu marido um herói por continuar comigo naquele estado. Particularmente falo para ele que se fosse ao contrário não sei como eu reagiria, porque pra mim tem que ter tesão”, diz.

Naquele ano, próximo ao Natal, Gustavo se presenteou com um espelho grande e passou a fazer academia perto de casa. “E todo dia eu tirava minha roupa, ficava totalmente nu e me olhava. Comecei a ficar irritado e aquela irritação foi crucial para os dias que eu não queria ir à academia”.

A depressão e síndrome do pânico nesse período foi simultânea. “Nesse período eu entrei no mestrado de Psicologia e não conhecia a violência acadêmica e o egocentrismo. São igrejas de egos e você tem que rezar a cartilha naquela aula. Eles querem o debate, mas eles sufocam o próprio debate e não permitem a ideia oposta. Eu desenvolvi pânico ali de novo e fui parar no hospital mais de 30 vezes”.

Projeto iniciou quando Gustavo tinha 142 quilos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Hoje felicidade é se olhar no espelho e se sentir bem. (Foto: Trindade Fotografia)

Com histórico depressivo desde os 14 anos, a obesidade, a síndrome do pânico na vida acadêmica e as dificuldades em sobreviver da música, Gustavo sabia que não seria fácil mudar de vida. Mesmo assim deu continuidade ao projeto que ele repetia para si e para o espelho novo colocado no quarto.

Depois de alguns meses a rotina se tornou um hábito. “Hoje eu sinto a necessidade de fazer exercício. Se passa três dias sem eu ir à academia eu começo a entrar em desespero, começo a ficar angustiado”.

Inclusive, o que o tirou da depressão foram os exercícios. “A depressão ela sempre está ali. Ninguém supera definitivamente. Mas o que me tirou dela foi a atividade física de alta intensidade. Foi com a necessidade do corpo de reagir que eu tive forças para seguir em frente”.

Desde então, Gustavo não tomou mais medicações diárias e viu a mudança no corpo ganhar forma. Mas para começar e terminar as iniciativas é preciso encarar os desafios. “Na área corporal, como qualquer negócio, ninguém bota fé. Você está na esteira correndo e acredita que ela não vai te aguentar, até o barulho é incomodo. O primeiro desafio é você acreditar. Então você tem que permitir que os outros não acreditem.

Rotina inclui exercícios e alimentação balanceada.
Cantor diz que perda de peso influenciou no trabalho.

O desafio da alimentação é grande também. “O principal para eliminar peso é a nutrição, não é só o exercício. O exercício te tonifica para você não ficar acabado. Então, dos 142 kg até os 125 kg, eu venci com alimentação de baixa caloria e exercício físico. Dos 124 kg até os 113 kg, foi alimentação de baixa caloria, de hipertrofia muscular e crossfit. Dos 113 kg aos 112 kg, foi academia, crossfit e dieta cetogênica. Agora com 101 kg eu estou numa fase de resultados de medidas, com a nutricionista Aline Macedo, Leonardo Prates que é meu personal, Kristofer Pachelli e Rodrigo Boka do crossfit”.

No campo profissional, o músico também sentiu diferenças. “Sabendo das críticas, eu percebi que as pessoas me contratavam muito menos quando estava bem gordo. Eu não vivi essa crítica, até porque acho que ela serve para massacrar, mas ela me serviu para pensar e eu decidir entrar e vencer pela porta da frente”, afirma.

Com 42 quilos a menos, hoje Gustavo se prepara para ser mais influenciador digital e começar 2020 com composições. “Estou estudando para isso e sei que vai dar certo, que é compor na linha do Tiago Iorc, Anavitória, que são pessoas que eu gosto. Tenho vontade de compor nesse estilo, falando de coisas reais e sentimentos reais”.

O mais fundamental, segundo Gustavo, é a vivência com reflexão para o início de qualquer projeto. “As pessoas muitas vezes passam por muita coisa, mas elas não param para criar uma distância interna para refletir, elas só ficam reproduzindo o cotidiano. Então acho que o que me traz conteúdo é estar de fato nas coisas que eu passei. Hoje eu consigo entender dentro dos meus limites o que aconteceu comigo e o que ainda me atravessa”.

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