Diversão

O samba e o amor na cor vermelha esquentam a Igrejinha para o Carnaval

Paula Vitorino | 05/02/2012 15:04
Para os participantes do barracão da Igrejinha todo dia já é Carnaval. (Fotos: João Garrigó)
Para os participantes do barracão da Igrejinha todo dia já é Carnaval. (Fotos: João Garrigó)

Com o enredo afinado e o samba no pé, a Grêmio Recreativo Escola de Samba Igrejinha prova que amor ao Carnaval tem que ser cultivado durante o ano todo.

Há mais de seis o batuque toma conta do barracão da Escola e os integrantes afirmam já estarem prontos para animar a avenida durante o Carnaval 2012 de Campo Grande. O trabalho também é grande para terminar as fantasias, um grupo de cerca de 30 voluntários trabalha até 18 horas diariamente.

“Já estamos aquecidos pro Carnaval faz tempo. Há uns 6 meses que todo dia venho pra escola sambar e me preparar com os outros integrantes para a avenida”, diz a Rainha de Bateria, Celma Cardoso de Oliveira, de 38 anos.

Quem mora na região do barracão da escola, no bairro São Francisco, também se contagia pelo samba e aproveita os ensaios diários para entrar no clima carnavalesco.

“Adoro samba, Carnaval e quero sair na avenida com a escola. Quem mora aqui perto e não vem sambar, está perdendo”, faz inveja, a professora Estela Mara Toledo, de 49 anos.

Os ensaios, sempre a partir das 19h30, são acompanhados da venda de comidas e bebidas, e nos fins de semana, a folia continua com roda de samba logo depois.

“Aproveito para me divertir com os amigos, tomar uma cervejinha e comer um pastel. Além de sambar a gente tem que ajudar a escola, né?, diz, referindo-se a verba do caixa ajudar a manter a escola de samba.

Tradição - A Igrejinha tem 36 anos de história, marcada principalmente pela presença no bairro São Francisco e a dedicação dos integrantes.

“A Igrejinha faz parte de quem mora em toda essa região da cidade, é o samba aqui”, frisa Estela.

O mestre-sala Youssef Tlais, mais conhecido por Lindóia, de 48 anos, lembra com entusiasmo da época em que os foliões da Igrejinha enchiam a rua da 14 de Julho para acompanhar os desfiles.

“Há uns 15 anos as pessoas vestiam mesmo a camisa das escolas de seus bairros, o povo não tinha vergonha de ir para a rua sambar”, frisa.

Ele frisa a importância de manter a tradição e amor a camisa da Escola de Samba que o integrante representa. “É muito importante vestir a camisa da sua escola. Participei por uns 20 anos de outra escola que acabou e depois vim pra Igrejinha, há 5 anos, por convite e aprendi a amar essa escola”, diz.

Rainha da Bateria garante fôlego para o Carnaval com muito samba, musculação e muay thai durante o ano. (Fotos: João Garrigó)

Amor ao Carnaval - Aliás, amor ao Carnaval é a pitada principal para garantir o animo dos integrantes, mesmo em meio a dupla rotina: samba à noite e emprego durante o dia.

“É só a gente chegar aqui, o samba começar e a energia já vem”, garante o mestre-sala, que é técnico em refrigeração, ao lado da fiel porta-bandeira Isabel Cardoso de Jesus, de 49 anos, que trabalha como secretária.

A dupla vive a energia do Carnaval há mais de 25 anos, colecionando cerca de 18 troféus, e garante que o pique pra agüentar a avenida vem do coração.

Isabel lembra que “é isso que falta para o Carnaval de Campo Grande crescer: mais pessoas com o amor por ele no coração”.

Amor que também é responsável por unir a Rainha Celma e o seu marido na bateria da mesma escola, além da parceria que já exercem no trabalho: os dois cuidam de uma empresa durante o dia e à noite vão pro samba.

“Eu ganhei o título de Rainha e ele entrou como integrante da bateria para não ficar de fora do Carnaval”, diz.

Com o samba e a beleza, esse é o segundo ano dela como Rainha da Igrejinha, mas a autônoma conta que a paixão pelo Carnaval já é antiga. Ela foi Rainha do Carnaval da Capital em 2005 e participou de outras escolas antes, até receber o convite da Igrejinha.

Batuque na bateria começa desde cedo.

O carnavalesco da escola, Manoel Lemos, de 32 anos, também conta uma história de amor com a Igrejinha. Este é o segundo ano dele na Escola após trocar o Carnaval do Rio de Janeiro pelo mestrado de Bioquímica na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

Ele conta que desde a adolescência o Carnaval faz parte da sua vida, quando participava da Escola Unidos da Ilha (RJ), e que em Campo Grande logo procurou o samba.

“Tinha acabado de chegar na cidade, fui na casa de um amigo estudar e escutei a batucada no barracão da Igrejinha. Entrei no lugar, comecei a conversar com as pessoas e quando vi já fazia parte da escola”, diz.

Dedicado a missão de fazer bonito com a Igreijnha na avenida, ele frisa que ganhou amigos e uma nova família na Escola. Já comparando o Carnaval de Campo Grande com o do Rio de Janeiro e Corumbá, por onde já trabalhou também, ele afirma que o da Capital tem tudo para fazer bonito, mas precisa de profissionalização na organização.

Enredo - Para o desfile de 2012, a Igrejinha vai cantar o enredo “Ueze Zahran: de sonho e trabalho um império se fez”, que narra toda a trajetória da família do empresário e do grupo de empreendimentos Zahran.

Para contar a história, a escola terá na avenida de 700 a 1 mil integrantes, nas cores vermelho e branco. O carnavalesco Manoel promete muito luxo e originalidade para a avenida.

O presidente da escola, Paulo Freire Thomaz, não menciona valores, mas garante que a Escola trabalha com recursos reduzidos. No entanto, ele frisa que a batalha faz parte do Carnaval e aposta na maior participação da comunidade e do empresariado para levantar a folia carnavalesca da Capital.

Esquenta - Os ensaios da Escola acontecem todos os dias no barracão da Escola, que fica na rua 14 de Julho, em frente aos antigos trilhos. Nas sextas, sábados e domingos, a folia continua após o ensaio com roda de samba. A entrada é gratuita.

No próximo sábado (11) será o pré-carnaval oficial da Igrejinha, às 19h30, no barracão. O esquenta para a festa de a noite será com uma feijoada, a partir das 11h. Os convites podem ser adquiridos na hora ou antecipadamente por R$ 10.

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