Diversão

Itinerante, rolê punk aposta em centro comunitário para show com bandas de fora

Paula Maciulevicius | 16/10/2016 08:47
Neste sábado, a segunda edição do "Caos Cultural" trouxe até bandas de fora ao centro comunitário do Estrela do Sul. (Foto: Alcides Neto)
Neste sábado, a segunda edição do "Caos Cultural" trouxe até bandas de fora ao centro comunitário do Estrela do Sul. (Foto: Alcides Neto)

Já foi no Vai ou Racha, no Holandês Voador, no centro comunitário do Aero Rancho e agora no Conjunto Estrela do Sul. De forma itinerante, os rolês punks acontecem pela Capital para mostrar que dá para reunir arte em qualquer lugar. Neste sábado, a segunda edição do "Caos Cultural" trouxe até bandas de fora.

Uma das organizadoras do evento, Gabriela Fernandes, de 32 anos, define o estilo como um "faça você mesmo", próprio do cenário independente. "É um evento sobre a cultura punk, com comidas veganas, uma feirinha, bandas e até roda de capoeira", resume a programação.  A entrada, além do valor de R$ 10,00 era 1 quilo de alimento não perecível que será destinado para a comunidade indígena de Dourados. 

Quem abriu a noite foi a banda campo-grandense, Commando 77, seguido da Intervenção, Weirduo (de São Paulo), Toca fitas, Resistência Suicida (de Corumbá) e fechando a noite, Deserdados, também de São Paulo.

Exposição da Pikareta Produções. (Foto: Alcides Neto)
Camisetas de banda à venda. (Foto: Alcides Neto)

O público é formado basicamente por quem acompanha o cenário há anos. "Tem professores, gente que está se formando. É mais a classe operária e a galera que curte e quer sair da rotina do que as mídias mostram", resume  Jeferson Bononi, de 30 anos, integrante da banda Intervenção.

Com camisetas e CD's da banda, ele fala que há também que vá movido pela curiosidade, de saber de um "rolê diferente". "Aqui é tudo punk rock, às vezes a gente mescla e faz heavy metal também. Mas é sempre um negócio fora do padrão. Quem tem menos voz, é quem acaba tocando", descreve.

A mudança de endereço também é para evitar a "opressão". "E mostrar que a cidade tem espaço. Se fica num lugar só, vem a opressão e qualquer lugar dá para fazer e mostrar que a arte existe", ressalta. Além da música, a arte também estava nos murais, com a exposição de Gabriel Sossai, do Produções Pikareta.

Vizinha que ao invés de se incomodar com barulho, foi conhecer de perto a festa. (Foto: Alcides Neto)
Vocalista e guitarrista da Deserdados, Lambão elogia união punk na Capital. (Foto: Alcides Neto)

E foi pela curiosidade que a vizinha, Tereza Maria Neves, de 81 anos, se achegou e não foi para reclamar do barulho. "Eu passei e queria ver, me disseram que eu podia. Daí fui em casa, tomei banho, me arrumei e voltei", conta. O bracinho estava 'carimbado', o que dava a ela liberdade de ir em casa e voltar.

"É coisa de jovem, não é? Mas achei bonita essa dança, nunca tinha visto". A "dança" a que se refere a vozinha é a roda de punk. "Eu nunca tinha visto assim pessoalmente, só na TV, queria tirar uma foto", pede. 

Outra coisa que não passou despercebida pela senhorinha, foi o cabelo de Igor. Marceiro, Igor Duarte tem 20 anos e há uma década está nos rolês punks, desde menino mesmo. "Eu pego gelatina incolor, aquele pozinho, misturo na água morna e vira tipo uma pasta. Aí você passa no cabelo da forma que você quiser, assim é spike e enquanto você segura, outro passa o secador", ensina. 

No vocal banda Commando 77, ele fala que a vantagem de se fazer em locais diferentes é de atrair novos públicos. "Não são sempre as mesmas pessoas, aqui mesmo tem bastante gente que eu nunca vi, de bairros diferentes e quanto mais gente vem, mais galera nova se abre, conhece mais", acredita. 

Sobre o punk, ele que tem a banda paulista Calibre 12 como referência, fala que é viver uma vida sem política. "Sem quem mandar em você. Sem religião, sem pátria, sem política". 

Na guitarra e no vocal da banda de São Paulo "Deserdados", Renato, conhecido como "Lambão", conta que quando surgem convites, o grupo não nega. "A cena de São Paulo é muito legal, só que todo mundo já conhece a gente lá. Então sempre é bacana vim para outro lugar", afirma.

Pela primeira vez em Mato Grosso do Sul, a banda já tem 20 anos de estrada. "A cena independente em São Paulo é bem forte e pelo que eu estou vendo, aqui o pessoal é bem unido e isso não acontece lá. Pessoal tem uma imagem de São Paulo, que as coisas acontecem lá, mas às vezes falta um pouco de união, é bem segmentado", avalia Lambão. 

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Igor e seu "spike". (Foto: Alcides Neto)
Galera curtindo som. (Foto: Alcides Neto)
E batendo cabelo. (Foto: Alcides Neto)
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