Diversão

Carnaval tem marco zero neste ano e promessa é de espetáculo profissional

Ângela Kempfer | 21/01/2012 00:59
Carnaval tem marco zero neste ano e promessa é de espetáculo profissional

Na noite de lançamento da programação oficial do Carnaval 2012 em Campo Grande, nesta sexta-feira, a desorganização ainda era algo visível em confusões no roteiro do evento, mas o esforço parece grande.

Em mais uma tentativa de profissionalizar o Carnaval em Campo Grande, o desfile das escolas de samba volta ao marco zero neste ano. A maioria das agremiações aceitou a reestruturação, os recursos públicos foram divididos em cotas iguais e todas vão participar de um único grupo, sem divisão entre grupo especial e de acesso.

Para colocar a cidade no clima, as principais escolas comparecerem à Praça do Rádio Clube hoje com bateria e rainha, mestre-sala e porta-bandeira em noite que também teve concurso de Rei Momo e Rainha do Carnaval.

A estreante Deixa Falar, criada este ano, é concorrência bem estabelecida com o enredo “Sou Touro Bandido, sou Touro Encantado, cem anos de Porto Murtinho, cem anos de História”.

Com toda a equipe uniformizada e funções aparentemente bem definidas entre os coordenadores, a agremiação dissidente da campeã Vila Carvalho começa com uma sede no bairro Silvia Regina de 12 salões e quadra. Tem 250 integrantes e quer chegar aos 600 até o dia 17, quando iniciam os desfiles.

“A gente veio para romper o que já virou rotina. Há 8 anos são sempre os mesmos vencedores. Fica sempre com a Vila Carvalho, seguida pela Igrejinha e o Cruzeiro”, diz o presidente da Deixa Falar, Salvador Dódero.

Advogado no samba, como mestre-sala da Deixa Falar.

Estrelas - O mestre-sala da escola é advogado, também estreante no desfile. Diego Pinho, de 27 anos, conheceu a turma do samba depois de anos de capoeira e a ginga rendeu um posto privilegiado na Deixa Falar. “A escolha foi meio na brincadeira, mas estou levando a sério”, garante.

Ele aprende o novo ofício com o coreógrafo Robson Simões, um dos poucos profissionais do samba que acaba se dividindo entre rivais. Formado em Belas Artes, no Rio de Janeiro, hoje ele é responsável por mestre-sala e porta-bandeira, além de comissão de frente, também da Vila Carvalho.

Um pouco mais experiente, a porta-bandeira Priscila Klausing foi uma das responsáveis pela vitória da Vila Carvalho em 2011. “Tirei só dez e isso fez diferença”, lembra a jovem que é nutricionista.

Mas mesmo depois de 3 anos levando o maior símbolo da escola, o marco zero estabelecido neste ano assusta.

“Dá receio, é mais concorrência, mas ao mesmo tempo motiva. Até agora, é muito grande a disparidade técnica entre nós e no fim, a pontuação é muito semelhante. Temos de avançar para mudar isso”, reclama.

Barbara Barros tem só 17 anos, mas é veterana. Desde os dez desfila pela Estação Primeira. No bairro Taquarussu, a garota tem uma rotina comum aos estudantes de Ensino Médio da rede pública, mas no Carnaval vira estrela.

“Os amigos gostam, levo um monte para o desfile. Se eu fosse magrinha seria passista, como sou mais cheinha preferi ser porta-bandeira e tenho muito orgulho”.

Puxador da escola Catedráticos do Samba.

Nova fase - A Igrejinha não apareceu para a festa na Praça do Rádio e também foi uma das únicas a votar contra a unificação das escolas em uma só categoria este ano, com a eliminação do grupo de acesso.

“A gente acha que o carnaval não precisava voltar à estaca zero. O certo era cumprir o que sempre foi regra e a escola iniciante começar em uma outra categoria”, justifica o presidente Paulo Freire Thomaz.

Mas a agremiação já aceitou a derrota nesse quesito e prepara o enredo “Ueze Zahran: de sonho e trabalho um império se fez”. “O negócio é trabalhar. Carnaval só se vence assim”.

Comentário bem semelhante faz o presidente da Vila Carvalho, Zé Carlos. Apesar de perder o carnavalesco para a estreante Deixa Falar e também alguns integrantes, a agremiação afirma estar forte com o enredo sobre o padroeiro da cidade, Santo Antônio. “A escola vai sair linda, com garra, como sempre. Não temos medo de concorrência”.

Durante o lançamento da programação, o prefeito Nelsinho Trad (PMDB) reforçou o compromisso de investir cada ano mais no carnaval. "Estabelecer o marco zero foi fundamental. Começamos a reestruturar o desfile com profissionalismo". Sobre a vocação de Campo Grande para o samba, a resposta é um sorriso e o dedo indicador apontanto para a bateria da Vila Carvalho.

Em 2012, o município repassou R$ 43 mil para o evento e as agremiações receberam cada uma outros R$ 15 mil do Estado para as despesas.

"Se a diretoria for profissional, pode até dobrar esse valor realizando eventos. Esta todo mundo no mesmo pé de igualdade", avalia o presidente da Liga de Escolas de Samba, Eduardo Souza Neto.

Lançamento da programação de 2012 também teve concurso de Rainha do Carnaval.

Desfiles - A transformação no carnaval teve um passo importante no ano passado. Com a proibição de desfile na Via Morena, o evento foi transferido para a região da Praça do Papa e neste ano a promessa é de estrutura aprimorada para receber o público.

Na sexta-feira, dia 17, desfilam Os Herdeiros do Samba (Escola Mirim), Grupo Afozé (Convidado), Estação Primeira do Taquarussu, Unidos do Aero Rancho, Os Catedráticos do Samba e a campeã do ano passado Unidos da Vila carvalho.

No sábado entram na avenida Deixa Falar, Unidos do São Francisco, Cinderela da Tradição do José Abrão, Unidos do Cruzeiro e a vice de 2011, Igrejinha.

As classificadas entre o 1º e o 5º lugar estarão no grupo especial no ano que vem. as que só conseguirem do 6º ao 9º lugar farão parte do grupo de acesso em 2012.

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