Diversão

Em encontro na rampa, rola até batalha do conhecimento entre artistas do hip hop

Thailla Torres | 28/05/2016 07:20
Evento reúne artistas que buscam conhecimento através do hip hop. (Foto: Marcos Ermínio)
Evento reúne artistas que buscam conhecimento através do hip hop. (Foto: Marcos Ermínio)

Mesmo após tantas polêmicas que já envolveram eventos realizados na rampa da Morenão, na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), o movimento hip hop em Campo Grande decidiu unir forças para ocupar o espaço público e fazer debates com arte e música. 

O evento começou tímido, mas aos poucos várias pessoas foram chegando para uma batalha bastante democrática. Primeiros surgem as apresentações musicais e depois vem a principal atração da noite que é a 'batalha do conhecimento' onde são sorteados temas como educação, preconceito, política, criminalidade, cultura e diversos outros que fazem parte do cotidiano.

Após o sorteio, os rappers, em batalhas individuais ou em duplas, fazem rimas com a temática e a melhor apresentação ganha como prêmio a gravação em um estúdio. 

Pha deseja que o rap seja reconhecido.

Para quem acompanha o cenário musical na cidade, o que falta é quebrar as barreiras e preconceito sobre o movimento hip hop. A cantora Marina Peralta, ressalta que é uma oportunidade para que a galera da periferia tenha espaço.

"A gente resolveu tentar ocupar esse ano com o movimento hip hop, porque entendemos que a universidade precisa estar de portas abertas para diversos tipos de manifestações culturais. É também um espaço de arte, cultura e muitas vezes esse espaço é fechado para a periferia", esclarece.

Com dificuldades em realizar os eventos por conta das burocracias, o que a maioria deseja é respeito e reconhecimento pela cultura. "A gente teve bastante dificuldade de fazer os eventos aqui, porque envolve bastante burocracia, mas aqui é um espaço público, todo mundo tem o direito de estar aqui, então essa polêmica não devia acontecer, porque a gente está fazendo manifestação artística e cultural", enfatiza. 

Vinicius curte rap desde a infância e luta pela valorização do estilo. (Foto: Marcos

Acabar com associação do hip hop à marginalidade também é uma das bandeiras levantadas. "Não é uma bobeira isso daqui, as pessoas estudam, buscam conhecimento e conceitos para poder dar a opinião. E a união é fazer com que o rap possa sair do MS. A gente só está buscando melhoria e reconhecimento", explica a empresária Pha Jacques, de 29 anos.

Vinícius Gonçalves, de 17 anos, conta que conheceu o rap ainda na infância e luta pela valorização do estilo. "O cenário do rap em Campo Grande no momento está um pouco bagunçado, o povo está ligando apenas para o ibope. Mas hoje aqui na rampa estão os que querem fazer um rap de verdade e a gente sintonizar essa união, levando uma ideologia e fazendo disso uma profissão", explica rimando.

Luana aproveita o fim de tarde com a família.

E local é aberto para todos os públicos, além dos artistas, tem família que leva a criançada para aproveitar a música.

Luana Peralta, de 30 anos, levou as filhas Sara, de 9,e Julia, de 10 anos, que até arriscam algumas rimas. "Eu acredito que quando tem essa discriminação e você proíbe, elas crescem buscando e descobrindo sozinha. Por isso elas vem comigo para conhecer realmente o quanto é bacana o movimento", explica.

A mãe ainda ressalta que, mesmo entre tantos jovens, nunca teve problema de levar toda a família. "Dizem que as pessoas vem aqui para se marginalizar, mas não é isso, aqui é um evento gratuito e minhas filhas nunca foram desrespeitadas. Elas gostam de ver a batalha que passa em forma de música uma mensagem consciente", diz.

O evento deve acontecer toda semana na rampa do Estádio Morenão. (Foto: Marcos Ermínio)
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