Diversão

Do jazz ao sertanejo, campeonato de canção japonesa tem figurino de Oscar

Paula Maciulevicius | 20/07/2012 13:24
Luiza Furuuti de plumas, luvas e cabelo de noite de gala. O glamour, segundo ela é para entrar na música. (Foto: Simão Nogueira)
Luiza Furuuti de plumas, luvas e cabelo de noite de gala. O glamour, segundo ela é para entrar na música. (Foto: Simão Nogueira)

O idioma pode até ser incompreensível para quem não tem um pezinho lá no Oriente, mas a festa em volta do 27°Concurso Brasileiro da Canção Japonesa é sentida logo de cara por quem chega ao Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo.

No palco da manhã desta sexta-feira, abertura do maior concurso da música popular japonesa, o dia parecia noite. Tanto no palco como nas cadeiras, japoneses que investiram no visual faziam esta etapa parecer noite de gala. Deixando em evidência que não é só a interpretação em japonês o destaque da competição.

Luiza Furuuti chamou atenção no palco e fora dele também. Vinda de São Paulo, ela já tem experiência no brasileiro depois de 7 anos de disputa. Com as luzes focadas nela, um vestido vermelho estonteante. Plumas, luva e o cabelo compunham o visual da cantora que interpretava a música “Wareto Wgamio Nemurasu Komori Uta”.

Claro que a música foi ela quem teve de escrever para a equipe. “Como é que você sabia que era eu? Nós japoneses somos todos iguais” brincava Luiza. É que após a apresentação os músicos trocam de roupa, aí o repórter precisa exercitar e muito a memória fotográfica. Mas para achar Luiza, foi o cabelo que ajudou.

Maquiada e com penteado de festa do Oscar, ela esbanja simpatia. A categoria veterana restringe o candidato a adotar uma postura mais clássica, mais contida. Não há coreografia, é a voz, a performance no palco e o figurino. A idade ela não revela, mas até podia, já que não aparenta ter mais de 60 anos. A categoria veterano era quem se apresentava durante a manhã de sexta-feira. Ao todo eram 62 inscritos.

“Cada música que a gente escolhe tem um visual, você faz uma adaptação é uma história diferente. Pelo jazz que cantei tinha que americanizar, por isso as plumas e o brilho eu me incluí dentro da música”, explicou.

Já descaracterizada, Luiza pergunta como a equipe conseguiu identificá-la? Já que os japoneses são todos parecidos. (Foto: Simão Nogueira)

A música que Luiza cantou falava de amor, como a maioria das canções japonesas. E a preferida dela. Um jazz que suave mexeu com a plateia. Quem assiste não pode gritar, as vibrações são apenas chacoalhando bandeiras da comitiva de cada participante, mas volta e meia um visual ou outro arrancam “uhul” da torcida.

Que os japoneses são a organização em pessoa, isso ninguém discute. Mas o cronograma de apresentações e a sequência de músicos é imbatível. Às 10h58 entrava um cantor que encerrava para outro continuar às 11h01. Tudo devidamente cronometrado. Entrava um, saía outro.

O intérprete Mário Koba, 62 anos, também veio de São Paulo para cantar “Ashita ni Mukatte” que ele traduz para “Amanhã vou te buscar”. A música fala sobre uma separação que houve e a partir de então a saudade que ficou.

No palco Mário Koba se espreme nos 2 minutos que tem para expressar o que sabe. (Foto: Simão Nogueira)

Vendo no palco se diria que a canção se assemelha a um bolero. Mas ele explica que o estilo é semelhante ao sertanejo. “Não do estilo antigo, que seria o Enka, mas o New Enka”, diz. Em outras palavras este seria o sertanejo universitário oriental.

Para dar agilidade nas apresentações e seguir o rigoroso programa, o campeonato estabelece o tempo máximo de 2 minutos e 30 segundos para cada canção e o resultado é que cada um que sobe ao palco canta apenas uma estrofe da música.

“Aí precisa mostrar como você canta no melhor tempo”, comenta.

O traje de terno e gravata ele explica que não é tanto questão de interpretar a música, mas de respeito. “Eu podia cantar de jeans, mas é uma questão de respeito aos jurados que vieram de longe”, finaliza seguindo a disciplina japonesa.

O Concurso segue até domingo, das 9h às 21h. No local tem além das apresentações, um bazar e restaurantes. A lógica japonesa de otimizar tempo e espaço. Para conferir o público tem motivos de sobra para ficar e sem justificativa para ir embora.

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