Diversão

Depois da violência, bar Voodoo fecha as portas e deixa órfãos

Marta Ferreira | 14/10/2011 08:20

Dois eventos musicais serão realizados hoje, 14, e domingo, 16, com o título “Pela Paz”, e a arrecadação será destinada à família do segurança Jhon Eder Cortiana Gonçalves, assassinado com um tiro, no dia 11 de setembro, aos 33 anos. Quem não viu o cartaz convidando para as apresentações pode pensar que elas vão ocorrer onde Jhon trabalhou até o último dia de sua vida, o Voodoo Bar.

Não vai ser assim. O bar não abriu as portas desde o dia do crime e não deve mais voltar a funcionar no mesmo local, na rua 13 de Junho, onde o segurança foi morto, na frente da casa noturna. Os eventos serão em outro local, o Repúblika, próximo da antiga Estação Ferroviária de Campo Grande.

Luto-Idealizado por duas irmãs, a produtora cultural Letícia, 25 anos, e a bióloga Luciana Espíndola, 35 anos, o bar onde Jhon trabalhava está em “hiato”, termo costumeiramente usado por bandas quando ficam temporadas sem apresentar-se ou gravar discos. Letícia classifica a decisão como uma atitude de respeito à memória de Jhon, para ela e os frequentadores assíduos do Voodoo mais do que um funcionário.

Bar onde trabalhava segurança assassinado fechou as portas após o crime. Ponto já foi entregue. (Foto: João Garrigó)
Bar onde trabalhava segurança assassinado fechou as portas após o crime. Ponto já foi entregue. (Foto: João Garrigó)

“Conhecia o Jhon desde antes de abrir o bar. Ele era um amigo”, conta. A esposa do segurança, Viviane, também trabalhava no estabelecimento, como bilheteira, e, da mesma forma, era conhecida de Letícia e Luciana antes da abertura do local.

Por tudo isso, diz Letícia, não havia mais condições de trabalhar no espaço. O ponto já foi entregue e as duas irmãs estão procurando trabalho.

Vítima da violência, o Voodoo deixa órfãos. Jovens e nem tão jovens assim que tinham no espaço opção aos ritmos dominantes na noite de Campo Grande, leia-se sertanejo, pagode e afins. “É essa mesmo a sensação que as pessoas têm e elas nos falam isso. O Voodoo nasceu para trazer coisas diferentes ao que estamos acostumados na cidade e para as quais há público”, afirma Letícia.

A casa noturna funcionava há 13 meses quando tudo aconteceu, com uma programação liderada pelo rock e suas vertentes, mas também dedicada ao blues, ao jazz e até ao cinema com direito a debate sobre os filmes.

Na noite em que o destino do bar mudou, de uma forma inesperada, o palco do Voodoo era de Criolo, um dos nomes mais comentados do rap no País no momento. “Foi um paradoxo, porque a música dele traz, justamente, a mensagem contra a violência”, define a produtora cultural.

Da experiência, sobrou, por enquanto, um financiamento a pagar, que Letícia diz encarar como todo trabalhador brasileiro encara. "A gente vai dar o nosso jeito e pagar". E uma possibilidade de reabertura em outro local. “No começo do ano, vamos reavaliar isso”.

Serviço: Os eventos musocais “Pela Paz" que vão arrecadar recursos para a família de Jhon Eder estão marcados para as 21h de amanhã e às 20h de domingo, no Republika Bar, na avenida Calógeras. Está prevista a apresentação de 12 bandas. A entrada custa R$ 10,00.

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